O antigo presidente do Sporting Sousa Cintra afirmou que hoje é um dia de luto para o futebol pela morte de Diego Maradona, um jogador que fazia coisas que nunca viu fazer e que era de uma simpatia cativante.

"Hoje o futebol está de luto. Admirava-o como futebolista e passei a admirá-lo como pessoa, depois de o conhecer em Lisboa, quando veio jogar com o Sporting. Até fui buscá-lo ao aeroporto. Como jogador foi único, fazia coisas com a bola como nunca vi outro fazer até hoje. Como pessoa, surpreendeu-me, pela humildade, simplicidade e simpatia", disse Sousa Cintra em declarações à agência Lusa.

Sobre esse encontro com Maradona, em 1989, quando o sorteio da Taça UEFA colocou o Nápoles na rota do Sporting, Sousa Cintra guarda algumas recordações.

"Fui buscá-lo ao aeroporto. Lembro-me que havia dúvidas se ele viria ou não, cheguei mesmo a falar com o então presidente do Nápoles porque havia muitas expectativas sobre a presença dele em Alvalade, mas felizmente acabou por vir e foi uma autêntica loucura. O aeroporto estava cheio de gente para o ver, para lhe tocar, para o aplaudir", lembrou.

Nas horas que se seguiram, Sousa Cintra pôde conhecer o astro argentino e ficou agradavelmente surpreendido: "Ele era uma estrela mundial, podia ser arrogante, mas, pelo contrário, mostrou-se uma pessoa acessível, simpática, brincalhona. Não vou dizer que fiquei amigo dele depois do convívio que tivemos, mas fiquei com um carinho por ele, como ser humano".

Questionado se Maradona foi o melhor jogador que viu alguma vez jogar, Sousa Cintra disse que "fazia coisas que nunca mais viu outro jogador fazer", mas não quis ferir suscetibilidades porque Cristiano Ronaldo "é também um jogador fantástico e é português", além de "ter sido formado no Sporting".

O antigo presidente do Sporting recordou ainda o entusiasmo e a euforia no Estádio José Alvalade, que esgotou a lotação, para ver o Maradona: "Lembro-me que ele só entrou perto do fim do jogo, mas o estádio, que estava lotado, abanou. O Maradona era uma estrela mundial, que arrastava multidões".

O sorteio colocara o Nápoles, de Diego Maradona, no caminho do Sporting, logo para a primeira eliminatória da Taça UEFA, marcada para 14 de setembro de 1989, mas a sua presença no jogo da primeira mão, em Alvalade, estava em dúvida porque o astro argentino prolongou as férias e adiou o regresso a Itália.

No entanto, acabou mesmo por estar presente, embora tivesse ido para o ‘banco', mas quando se levantou deste, ainda com uns quilos a mais, a cerca de 20 minutos para o fim, para entrar em campo, os adeptos que encheram o recinto ‘leonino’ reagiram de forma bem audível.

O jogo em Lisboa terminaria 0-0, tal como a segunda mão, em 27 de setembro de 1989, quando a decisão foi relegada para as grandes penalidades, tendo a formação napolitana vencido por 4-3, apesar de Ivkovic ter defendido o penálti cobrado por Maradona, que alinhou a tempo inteiro.

Maradona, considerado um dos melhores futebolistas da história, morreu hoje na sua residência, na Argentina, aos 60 anos, anunciou o seu agente e amigo Matías Morla.

Segundo a imprensa argentina, Maradona, que treinava os argentinos do Gimnasia y Esgrima, sofreu uma paragem cardíaca na sua vivenda na província de Buenos Aires.

A sua carreira de futebolista, de 1976 a 2001, ficou marcada pela conquista, pela Argentina, do Mundial de 1986, no México, e os dois títulos italianos e a Taça UEFA arrebatada ao serviço dos italianos do Nápoles.

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