O desporto vai resistindo com a normalidade possível aos efeitos da pandemia de covid-19, convivendo com uma panóplia de modelos competitivos voláteis e jogos adiados, dependentes da deteção de surtos infecciosos em alguns clubes.

Jogos adiados, quase 150 jogadores atingidos pela COVID

Depois de somar raros testes positivos para o novo coronavírus na retoma das últimas 10 jornadas da edição 2019/20, disputadas de 03 de junho a 26 de julho de 2020, a I Liga de futebol abriu a nova temporada com 10 infetados no Sporting e mais 18 no Gil Vicente.

Os dois clubes iriam defrontar-se na jornada inaugural, em 19 de setembro, e tiveram de adiar o duelo para 28 de outubro, sinalizando uma tendência extensível a outras partidas do principal escalão e da II Liga e agudizada nos vários campeonatos não profissionais.

Entre casos positivos, isolamentos preventivos e afastamentos competitivos ditados por resultados inconclusivos, perto de 150 jogadores da I Liga já foram condicionados pela covid-19 ao longo de 2020/21, num total de quase 50.000 testes semanais até à data.

Nem todas as identidades foram reveladas numa tabela liderada pelo Moreirense, com 30 casos em novembro, incluindo duas posteriores reinfeções, que vieram a suspender os treinos durante semana e meia e a adiar o jogo com o Paços de Ferreira, da sétima ronda.

Desse lote fazia parte David Tavares, então emprestado pelo Benfica, que voltou a testar positivo cinco meses depois de ter estado 49 dias afastado dos trabalhos dos lisboetas devido a uma doença com efeitos mais nefastos no colega de equipa Daniel dos Anjos.

O brasileiro suspendeu a carreira em dezembro, com base em problemas cardíacos detetados após a infeção com o vírus que provoca a covid-19, cujos sintomas respiratórios levaram o nigeriano Stanley, que alinhava pelo Varzim, da II Liga, a alguns dias de internamento hospitalar.

Os três ‘grandes’ chegaram a fazer do novo coronavírus pretexto para polémicas e conjugam perto de 50 infetados, a maioria assintomática, sendo que alguns revelaram dificuldades no regresso aos relvados, como o Benfica.

Os ‘encarnados’ equacionaram parar por 14 dias em janeiro, numa medida bem mais aplicável nas modalidades coletivas de pavilhão, incluindo o voleibol masculino do Sporting e feminino do FC Porto ou o basquetebol do Benfica e dos ‘dragões’.

As equipas de hóquei em patins dos rivais lisboetas e o andebol das ‘águias’ também entraram em quarentena no decurso da época, por imposição das autoridades sanitárias, contribuindo para uma profusão de jogos em dúvida até ao limite e vários adiamentos.

A única exceção à regra deu-se apenas entre 23 de fevereiro e 01 de março, período análogo à 22.ª semana competitiva da Federação Portuguesa de Futebol na época 2020/21, em que até foram realizados 85 de 78 encontros inicialmente previstos.

São rastos de um calendário ‘comprimido’ sem precedentes, proporcionado por um início tardio de época, que deverá ficar concluída em maio, a tempo do início do Euro2020 e da Copa América, ambos adiados por um ano e com repercussões noutros eventos.

Provas canceladas, jogos recolocados. Modalidades também foram atingidas

Os Mundiais de sub-20 e sub-17, os Europeus de sub-19 e sub-17 e a Youth League foram cancelados, enquanto as seleções do ‘Velho Continente’ viram os jogos de apuramento para o Mundial2022, no Qatar, serem ‘comprimidos’ em oito meses.

A receção de Portugal ao Azerbaijão em 24 de março foi desviada de Lisboa para Turim, em Itália, atendendo às restrições de viagens em vários países, que vieram relocalizar algumas eliminatórias de provas de clubes, como o Benfica-Arsenal, da Liga Europa.

Cenário idêntico acontece na Liga dos Campeões de futsal, que mudou da Bielorrússia para a Croácia uma inédita ‘final a oito’, com a presença de ‘águias’ e ‘leões’, antecedida por eliminatórias disputadas a uma só mão, em detrimento da habitual Ronda de Elite.

Alocado na Polónia, o Sporting competiu na Taça da Europa de basquetebol num sistema de ‘bolhas’, ao estilo da retoma da edição passada da Liga norte-americana (NBA), no complexo desportivo da Disney, em Orlando, na Florida, entre julho e outubro de 2020.

O Benfica, na Taça Challenge de voleibol masculino, e o Clube K, no quadro feminino, disputaram eliminatórias centralizadas na Turquia, enquanto o Sporting passou pela Ucrânia e a AJM/FC Porto abdicou da presença na Roménia pelos efeitos pandémicos.

Já a Federação Europeia de Andebol atribuiu pela via administrativa uma derrota de 10-0 às equipas que não conseguiram realizar os jogos adiados, beneficiando o FC Porto, na Liga dos Campeões, e o Sporting, na Liga Europeia, que seguiu para os oitavos de final.

Na principal prova de clubes, o organismo decidiu alterar o formato a meio da época e inserir todos os participantes das duas ‘poules’ nos ‘oitavos’, em vez de os primeiros classificados terem via direta para os ‘quartos’ e os dois últimos ficarem afastados.

Quanto ao hóquei em patins, a World Skate Europe - Rink Hockey propôs reformas competitivas e projetou o regresso da Liga Europeia masculina e feminina e da Taça Europa a partir de abril, num total de 14 equipas espanholas, nove lusas e uma italiana.