
O treinador português Ricardo Sá Pinto rejeitou ter sido o principal responsável pela despromoção do Vasco da Gama à Série B do Brasileirão, consumada em fevereiro de 2021, dois meses após a sua saída do clube, em dezembro de 2020.
Em entrevista ao canal Expresso 1923, o técnico de 52 anos apontou vários problemas que encontrou durante a sua passagem pelo clube carioca. "Milagres, eu não faço. Tanto é que [Vanderlei] Luxemburgo, que é uma pessoa competente e com um currículo enorme, não conseguiu fazer melhor. O problema não era o treinador. Quero ser um homem grato, perceber o contexto, não pôr miúdos em momentos de grande pressão e dar-lhes a responsabilidade, porque era um momento de grande pressão para o Vasco, estávamos na zona de descida e os miúdos não merecem ter essa responsabilidade, merecem ser ajudados para entrar no momento certo. Eu tive um contexto muito difícil, em que não foi possível fazer mais", afirmou o treinador.
Falta de Condições e Problemas Financeiros
Sá Pinto criticou ainda a estrutura do clube e os problemas financeiros que enfrentou durante o seu tempo no comando da equipa, mencionando atrasos salariais e a falta de condições mínimas de trabalho.
"Eu não sou milagreiro, não posso fazer as coisas sozinho. E aquela questão de vir um novo presidente, foi logo desde o início, não houve apoio financeiro. Eu não tinha dinheiro para pintar o campo do centro de treinos. Nem imaginam. Nem para tomarmos o pequeno-almoço. Havia miúdos que não tinham dinheiro nem para comer. Eu não recebi salário em quatro ou cinco meses que estive no Vasco", revelou o técnico.
O treinador também mencionou as dificuldades em receber os valores devidos pelo clube, mesmo após ter deixado o comando técnico. "Cheguei a propor alguma coisa, chegámos a falar, não cumpriram. Ao fim de um ano e tal, disse: 'Meus amigos, se têm dinheiro, se já há dinheiro, têm de honrar os compromissos'. Eu respeito o tempo e ajudo quando não há. A partir do momento em que há e não me respeitam... alto e para o baile. Têm de pagar", disse ainda.
O Contexto Difícil no Vasco
Sá Pinto relatou também a falta de estrutura organizacional no Vasco da Gama, afirmando que os funcionários e jogadores sofriam com a situação financeira do clube. "Não havia algo estruturado, não havia dinheiro para nada, as pessoas olhavam umas para as outras, as pessoas não recebiam os salários delas. Era muito difícil. Como é que alguém pode exigir alguma coisa a alguém, quando não recebes um salário?", concluiu.
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