Jorge Jesus concedeu uma longa entrevista ao programa "Esporte Espectacular" do canal "Globo", onde foi desafiado a recordar os seus tempos de jogador e a sua formação enquanto treinador.

"Eu sou autodidata. Não leio livros sobre futebol. Todo o meu trabalho de campo fui em que criei e pensei. Acho que um treinador é isso. Claro que há muitas ferramentas que ajudam o trabalho do treinador, mas é preciso ter uma estrutura para proporcionar a sua valorização", começou por dizer o treinador do Flamengo.

"Em Portugal já disse a alguns jogadores que trabalharam comigo: 'Quando joguei, se eu tivesse um treinador que me ensinasse o que eu ensino a você, tinha sido dez vezes mais jogador'.Quando jogava não me ensinaram nada do que eu ensino agora. Eu não era um jogador muito forte psicologicamente e isso é uma característica que, agora como treinador, percebo que é muito importante", sublinhou.

Jorge Jesus afirmou ainda que o futebol que praticava enquanto jogador serviu de inspiração para o estilo que aplica nos dias de hoje, enquanto treinador.

"Antigamente também não sabiam o que era importante nos momentos do jogo. Era mais importante uma boa condição física. Eu corria, corria, corria, mas bola nada. Quando cheguei a treinador fiz tudo ao contrário e comecei a criar coisas que hoje toda a gente no futebol faz", disse.

O técnico português apontou ainda Johan Cruyff como principal referência: "Não só como jogador, mas apaixonei-me pelo futebol holandês na época de (Stefan) Kovács e Rinus Michels no Ajax e, depois, na seleção da Holanda. Eles devoravam todas as equipas com um futebol que surpreendeu a Europa. Depois o Cruyff vira treinador, vai para o Barcelona e inclui, até hoje, as ideias dele em toda o clube. Sempre me identifiquei com a forma como desenvolvem o jogador. Quis perceber um pouco como é que se fazia e fiquei um mês e tal com ele lá em um estágio. Tenho algumas fotografias com ele. Quando eu estava no Benfica ele foi visitar-me."