O Palmeiras sagrou-se bicampeão brasileiro de futebol e somou o 12.º cetro na prova. O clube treinado por Abel Ferreira empatou no terreno do Cruzeiro a uma bola na 38.ª e última ronda da prova, conquistando assim o ponto que precisava para renovar a conquista do título.
O ‘miúdo’ Endrick adiantou o ‘verdão’, aos 21 minutos, apontando o seu 11.º golo na prova, e Nikão restabeleceu a igualdade, aos 80.
O Palmeiras termina com 68 pontos, o Grêmio acaba como vice-campeão com 66 pontos. Atlético Mineiro e Flamengo ficaram a quatro pontos do Verdão.
Este é o nono título do treinador português no Verdão em apenas três anos.
Abel Ferreira, de 44 anos, que chegou ao Palmeiras no final de outubro de 2020, soma agora duas vitórias na Taça Libertadores (2020 e 2021), uma na Supertaça sul-americana (2022), duas no Brasileirão (2022 e 2023), uma na Taça do Brasil (2020), uma na Supertaça brasileira (2023) e duas no Paulistão (2022 e 2023).
Na última ronda, o Bahia venceu o Atlético Mineiro por 4-1 e garantiu a permanência porque o Santos, a precisar de vencer o Fortaleza, perdeu por 2-1 em casa e caiu para a Série B pela primeira vez na sua história.
Também o Vasco da Gama garantiu a permanência no principal escalão do futebol brasileiro ao vencer o Red Bull Bragantino por 2-1.
O Santos acompanha o Curitiba, o Goiás e o Américo Mineiro para a Série B do Brasil.
Abel Ferreira: o papa-títulos do Brasil
Abel Ferreira chegou ao Palmeiras no final de outubro de 2020 ao ‘verdão’, sucedendo a Vanderlei Luxemburgo, depois de ter iniciado a segunda temporada no PAOK, no qual foi vice-campeão grego.
Natural de Penafiel, cumpriu toda a formação no clube duriense, no qual ascendeu a sénior, já como lateral direito, após ter admitido abandonar o futebol. Rumou ao Vitória de Guimarães, então orientado por Paulo Autuori, conciliando a carreira com o curso de Educação Física, no Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCE), em Felgueiras.
Defendeu a camisola vimaranense durante quatro épocas, até rumar, já licenciado e com estágio feito como professor, ao rival Sporting de Braga, em 2004/05, que, na temporada seguinte, o emprestou ao Sporting.
Foi ao serviço dos ‘leões’ que conquistou duas Taças de Portugal, em 2006/07 e 2007/08, e duas Supertaças Cândido Oliveira, em 2007 e 2008.
Em abril de 2011, uma rotura dos ligamentos cruzados acabou por precipitar o fim da carreira, aos 32 anos, sucedendo a Ricardo Sá Pinto como treinador dos juniores do Sporting, conquistando o título de campeão nacional do escalão, com jogadores como Rúben Semedo, Ricardo Esgaio, João Mário e Bruma.
Abel ascendeu à equipa B ‘leonina’, em 2013/14, e, na época seguinte, após um desentendimento com Bruno de Carvalho, regressou a Braga, também para a formação secundária, estreando-se na ‘elite’, como interino, com uma vitória por 1-0, em 18 de dezembro de 2016, após a saída de José Peseiro.
Logo aí ficava demonstrada a importância que dava ao coletivo, realçando, na véspera do encontro que o seu trabalho assentou, "essencialmente, em responsabilizar os jogadores", mas também em permitir que "desfrutem do jogo, que tenham paixão”.
Ainda regressou ao Sporting de Braga B, com a chegada de Jorge Simão, e voltou à equipa principal em abril de 2017, cumprindo duas temporadas completas, com dois quartos lugares na I Liga, estabelecendo os recordes de pontos (75) e de vitórias (24) do clube no campeonato.
Nos bracarenses, repetia à exaustão "a estrela é a equipa, o estatuto é o rendimento", uma mensagem sustentada na sua apresentação como treinador principal dos minhotos, em 24 de agosto de 2017.
“Que fique bem claro que não sou eu que vou jogar, enquanto estiver neste cargo, comigo vamos ganhar todos e perder todos”, vincou, numa postura mantida até ao último dia no clube, atestada, em 01 de julho de 2019, quando assinou pelo PAOK.
Além da “gratidão enorme” para com o Sporting de Braga, Abel voltou a realçar a importância dos jogadores: "Não há bons treinadores sem bons jogadores, foram eles que, juntamente com a nossa ideia de jogo, fizeram de mim um treinador competente, ambicioso, que quer aprender a cada dia que passa".
O presidente do Sporting de Braga, António Salvador, manteve-se um apreciador das qualidades do treinador, caracterizando-o de "humilde, ambicioso, exigente, metódico, estudioso e sempre à procura de evoluir".
Essa ambição, garra e emotividade foi demonstrada pelo próprio à chegada a São Paulo, quando assinou pelo Palmeiras: “Atravessei o Atlântico para trabalhar, ganhar, ajudar a estrutura e os jogadores a crescer, não para conhecer a cidade. É minha missão”.
“Eu sou um homem de convicções. Eu gosto de seguir meus instintos, me desafiar. Não foi pelo que os outros disseram ou mostraram, foi por convicção que tenho que com o Palmeiras acrescentar títulos na minha carreira. E só estando com os melhores isso é possível. Minha vontade de representar um grande clube. Fiz meu trabalho de casa, como o clube fez ao apostar em mim. Verde e branco é algo que me persegue como jogador e treinador”, disse, na primeira entrevista como treinador do Palmeiras.
No Palmeiras, ‘o professor’, como é tratado pelos adeptos, soma nove títulos em apenas três anos, entre eles duas Libertadores.
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