Os vários oradores da cerimónia elogiaram o carácter e a simplicidade do futebolista internacional alemão e sublinharam que o desporto e o futebol profissional não são tudo na vida.

O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Theo Zwanyiger, apelou a um maior humanismo que vá para além do desporto.

“Não pensem só nas aparências, pensem também no que é intrínseco aos seres humanos, a dúvida e a fraqueza”, disse Zwanyiger, pedindo ainda a todos, profissionais do futebol, dirigentes e adeptos, para depois do luto por Robert Enke encararem a vida “com mais equilíbrio, mais desportivismo e mais respeito”.

O Benfica - clube que Enke representou de 1999 a 2002 e de que guardava as melhores recordações - esteve representado nas exéquias pelo guarda-redes Moreira, seu ex-companheiro de equipa, e pelo vice-presidente Rui Gomes da Silva.

O governador da Baixa-Saxónia, Christian Wullff, usou também da palavra, perante a urna de Enke deposta no centro do relvado do estádio do seu último clube, entre um mar de flores, para exigir que a sociedade repense a sua atitude face ao suicídio.

Aos pés da urna, havia um coração formado por flores brancas. No início da cerimónia, a viúva, Teresa Enke, acompanhada por uma amiga, foi junto da urna, e o estádio inteiro levantou-se e aplaudiu.

O “capitão” da selecção alemã, Michael Ballack, amigo de infância de Enke, depôs uma coroa de flores junto à urna e todos os membros da equipa nacional, presentes na cerimónia, persignaram-se em memória do falecido companheiro.

“No desporto de alta competição, e noutras profissões, as pessoas estão sujeitas a enorme pressão e quem não funciona é imediatamente considerado uma pessoa fracassada”, disse Wullf.

“Não precisamos de robots, precisamos de pessoas com defeitos e virtudes, com fraquezas, com todas as suas maravilhosas características individuais”, referiu ainda o político democrata-cristão, considerando Enke “uma pessoa extraordinária e um magnífico desportista”.

Fora do estádio, milhares de adeptos, a maioria vestidos de negro, quiseram também mostrar a sua dor pela morte de Enke, que foi depois sepultado no cemitério junto à sua casa, em Empede, a norte de Hannover, ao lado da campa da filha Lara, que morreu em 2006, com apenas dois anos, devido a uma malformação cardíaca.