A presidente do Sport Sal Rei Club, Wilza Vieira, é, provavelmente, a única mulher a dirigir uma equipa desportiva em Cabo Verde, mas diz que as mulheres têm capacidade natural para dirigir qualquer grupo desportivo.
“Ainda se pode achar estranha uma liderança feminina no desporto, mas uma mulher tem a capacidade natural de dirigir qualquer grupo, desde que use as outras valências, como a da organização e de colocar as coisas na linha”, disse a dirigente à Inforpress.
Wilza Vieira, que lidera o clube de Sal Rei desde maio de 2019, é peremptória ao afirmar que se engana quem duvide da capacidade das mulheres em liderar qualquer grupo, seja em qualquer esfera social, desportiva ou cultural.
A dirigente desportiva afirmou que “a mulher tem outras capacidades, como a de organização e de querer colocar as coisas na linha, o que faz com que ela consiga levar qualquer grupo a um bom porto”.
“Pensei em candidatar-me para esta direcção, e há já quase um ano que estou neste comando. Fui eleita no ano passado, a 24 de Maio, para a presidência do Sal Rei, clube mais velho de Boa Vista, fundado a 28 de Agosto de 1951”, contou esta dirigente sobre o seu inicio nesta liderança desportiva.
Sobre a visão dos jogadores em aceitar ou conviver com uma mulher na liderança do clube, Wilza respondeu que “todos agem de forma natural, e que simplesmente a vejam como uma pessoa que tem nas mãos as rédeas do clube, sublinhando que os atletas “estão sempre prontos em apoiar”.
Mas Wilza partilha a “responsabilidade e exigência” de dirigir o clube também com outras mulheres que fazem parte da direcção, com Núria Ramos, na contabilidade, Sílvia Gancho, na assembleia, Martir Vieira, na logística e Margarete Vieira também na logística.
Garante que “são incansáveis e que não param quando encontram qualquer dificuldade pelo caminho, procurando “sempre soluções para resolver os problemas do dia-a-dia do clube”.
Há quatro anos, antes mesmo de assumir o cargo de presidência no clube, Wilza já fazia parte da direcção da equipa, mas carrega as cores do clube, o branco e vermelho, desde a sua infância.
“Falando mais especificamente da minha integração no Sal Rei, é uma equipa que já me está nas veias. Digo que é a minha primeira equipa no mundo. Venho de uma família que tem esta equipa no coração, principalmente o meu pai que era jogador do clube”, explicou Wilza Vieira, referindo-se ao amor que nutre pela equipa, usando a referência ainda “sou salreista”.
Assim, incentiva as pessoas que sugeriram o seu nome para a presidência a continuar a levar a equipa a bom porto. Mas conforme adiantou, desde criança que pratica o desporto, definindo-se como “uma mulher activa no desporto”.
À Inforpress lembrou que começou pelas brincadeiras de criança, como “corrida pau”, “caniquinha”, jogo de “rinque” e o futebol de praia, tendo se dedicado na escola à disciplina de Educação Física, onde sempre foi motivada pelo professor Agostinho Sança.
Mas não é somente no futebol que Wilza Vieira se singrou a nível desportivo. Pois, sua modalidade preferida é o andebol. Foi guarda-redes de andebol na equipa Five Stars com o treinador Arsénio “Tchilão” Almeida, em que muitas vezes saíram fora da cidade de Sal Rei para jogar.
Ainda no andebol, na Académica, fez parte desta equipa que se sagrou campeão regional. Durante nove anos, consecutivos participou no campeonato de andebol feminino, tendo sido durante dois anos consecutivos, 1998 e 1999, a melhor guarda-redes de Cabo Verde, em andebol.
Fez parte da selecção de futebol de onze da ilha de Boa Vista. No futsal disputou várias vezes torneios fora da ilha e em São Vicente esteve no clube Juventude.
“Com tudo enquanto fácil não teria graça, isto porque tem que se encontrar dificuldades para ultrapassar barreiras. Não é fácil gerir uma equipa, mas tenho as pessoas da minha direcção que vamos sempre lutando para reerguer a equipa”, concluiu Wilza, que divide o seu dia-a-dia com outras responsabilidades nesta liderança, com os valores de ser mulher e mãe de dois rapazes.
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