É a terceira vez em menos de dois anos que os sócios boavisteiros vão às urnas, mas desta vez há um dado novo: pela primeira vez na história deste clube centenário, haverá mais do que uma lista concorrente.

Álvaro Braga Júnior terá pela frente Hernâni Ascensão, que foi vice-presidente do clube quando este foi liderado por Valentim Loureiro. Diz o actual presidente que se prontificou a retirar a sua candidatura se o seu adversário tivesse apresentado "uma solução clara, concreta e inequívoca" para os problemas do Boavista.

"Como isso não sucedeu, não ouvi nenhum plano concreto, eu entendi que não a devia retirar, que devia manter a minha candidatura, porque o Boavista mo exige", afirma.

Confiante de que será o vencedor, Braga Júnior realça que "os boavisteiros conhecem o que foi feito nestes últimos 19 meses, primeiro apenas como presidente do conselho de administração da SAD e depois com o presidente da direcção".

Uma das questões polémicas entre a família axadrezada é o que fazer com a SAD, órgão a que Álvaro Braga Júnior preside desde Janeiro de 2008 e da qual depende a equipa de futebol profissional. Há uma corrente que defende a sua extinção, mas Braga Júnior opõe-se, sustentando que o clube seria igualmente lesado.

O Boavista caiu esta época para o Campeonato Nacional da 2.ª Divisão, depois de há um ano ter sido despromovido administrativamente à Liga de Honra, mas não é ainda certo que consiga disputar essa prova.

Os axadrezados estão impedidos, para já, de inscrever jogadores por dívidas a antigos futebolistas e treinadores que totalizam cerca de 700 mil euros e decidiram recorrer à sua melhor diplomacia para persuadir alguns desses ex-funcionários a suspender, provisoriamente, os impedimentos que eles interpuseram e que são cerca de 20.

"Sei que alguns jogadores estão no limite da sua paciência, mas se a SAD for para a insolvência eles serão também prejudicados. Têm que perceber isto por muito que estejam no limite da sua paciência", salienta Braga Júnior, em entrevista à Agência Lusa.

O argumento, em sua opinião, é válido também para o clube, sendo certo, contudo, que um dos muitos credores do Boavista pode, a qualquer momento, pedir à insolvência da respectiva SAD, o que já aconteceu, mas sem êxito, e assim precipitar o seu fim.

A extinção da SAD teria também uma consequência desportiva automática: a descida aos campeonatos distritais.

O prejuízo desportivo e os interesses do clube, que aliás detém mais de 50 por cento do capital da SAD, são dois motivos que Álvaro Braga Júnior invoca para defender que "deve ser feito tudo até ao limite".

"O limite temporal é inscrever jogadores a tempo de participar seja na Taça de Portugal seja no Nacional da 2.ª divisão. Isso é claro para mim", assegura.

"Devemos manter a SAD a funcionar até ao momento em que eu me convença que efectivamente ela pode ser de tal maneira prejudicial que liquide o clube. Aí deixa de ter de existir a SAD por uma razão muito simples: o clube é que tem 106 anos de existência", argumenta.

" cautela, todavia, os seus dirigentes decidiram fazer a inscrição da equipa no Campeonato Distrital da Associação de Futebol do Porto. "Seríamos ser maus gestores se não o fizéssemos", sustenta.

Muitos sócios e simpatizantes boavisteiros acreditam que o Boavista vai conseguir inscrever-se no Nacional da 2ª Divisão, mas Álvaro Braga Júnior não tem uma resposta clara para lhes dar.

"Se eu soubesse responder respondia com todo o gosto. O que posso dizer é que estamos a fazer todos os esforços para que isso aconteça. Não posso nem devo dizer mais do que isto porque tenho procurado afastar aquilo que possa parecer eventualmente campanha eleitoral do que é gestão diária do clube e da sociedade", sustenta.