O Vitória de Setúbal (VFC), através da sua direção, lembrou hoje à Câmara Municipal de Setúbal (CMS) que esta detém 40% do capital social da SAD, em reação a declarações da presidente da edilidade, Maria das Dores Meira.
No comunicado colocado na página do clube sadino, é frisado que "a atual direção e restantes órgãos sociais do clube venceram, por vontade democraticamente expressa dos sócios vitorianos, uma eleição justa, regular e de acordo com os pergaminhos históricos do clube".
"Já se percebeu que a vontade do executivo presidido pela senhora presidente era que outra lista tivesse ganho o ato eleitoral, mas isso são consequências da democracia e a voz do povo vitoriano é soberana no que aos destinos do Vitória diz respeito", acrescenta a nota.
A direção sadina exige à Câmara e sua presidente "o respeito institucional ao Vitória, aos seus órgãos sociais, à sua direção e presidente", lembrando ainda que clube e câmara "são sócios e parceiros na SAD do VFC, onde os 40% de capital social ainda formalmente detidos pela Câmara obrigam, no mínimo, a um apuramento conjunto de responsabilidades entre a Câmara e clube, ao levantamento de informação mínimo necessário, à articulação de estratégias, desenho de soluções e tentativa conjunta de implementação das mesmas naquela sociedade anónima desportiva".
Salientando que a Câmara e o Vitória, por serem os acionistas maioritários, têm "um papel fulcral na busca de soluções e apuramento da verdade" e que "ambos têm em conjunto responsabilidades no destino da SAD", a direção do clube frisa que "apenas tomou posse faz poucas semanas", enquanto "o executivo camarário presidido pela Sr.ª presidente está à frente da CMS desde 2006 e, desde esse momento, que por ação ou omissão e ainda que porventura cheia de boa vontade, a Sr.ª presidente Maria das Dores Meira fez parte das decisões que colocaram a SAD do VFC e o clube nesta situação".
O comunicado refere ainda que "pelo menos desde 2008 (ou seja dois anos após a tomada de posse da atual presidente da CMS) que a SAD do VFC acumula prejuízos atrás de prejuízos, milhões atrás de milhões, chegando ao ridículo número de valor acumulado de quase 50.000.000,00€ (cinquenta milhões de euros), arrastando o clube para a difícil situação em que se encontra e para a sua pré-falência".
"Contudo, tem esta direção um plano em marcha e um pré-entendimento de uma solução para viabilizar o clube. A mesma já foi dada a conhecer não só aos demais órgãos sociais do VFC como ao Conselho Vitoriano, a qual mereceu aprovação unânime", adianta a nota.
A direção sadina queixa-se ainda de, pela primeira vez na presidência de Maria das Dores Meira, os órgãos sociais não terem tomad posse nos Paços do Concelho e não terem sido formalmente recebidos, "apesar dos vários pedidos feitos de diversas formas e por diversos canais".
"Não é o cidadão Paulo Rodrigues que solicitou a audiência. É o Presidente da direção do VFC, legitimamente eleito, de forma democrática e de acordo com os estatutos do clube", acrescrenta.
Mantendo que é o presidente do clube sadino, "e não o cidadão Paulo Rodrigues", quem tem as soluções para o clube e que as pretende apresentar, discutir e implementá-las em conjunto com a edilidade, a direção vitoriana acusa que "tudo, mas literalmente tudo, tem sido feito para torpedear o trabalho realizado e a realizar por esta direção e demais Órgãos sociais".
"Que já sabíamos que teríamos de lidar com movimentos oposicionistas de algumas pessoas que por aqui passaram e que estão petrificadas de morte sobre aquilo que já se descobriu e que ainda iremos descobrir não tínhamos dúvidas, para o que esta direção não estava preparada é para a total falta de consideração e de respeito institucional para com aqueles que hoje, goste a Sr.ª presidente ou não, representam o VFC e trabalham árdua e diariamente para salvar o clube", prossegue o comunicado.
A direção do Vitória volta a reiterar "agora publicamente, o pedido de audiência à presidente da CMS, por forma a poder apresentar o plano de salvação e viabilização do VFC".
"Quanto à toma de posse do Estádio do Bonfim pela CMS, já a atual direção e seu presidente congratularam a CMS e sua presidente por tal facto e cá estaremos na próxima terça-feira para, como mandam as regras de boa educação, bem receber os funcionários camarários, ajudar no que for possível e receber uma cópia das novas chaves", refere a nota, acrescentando: "Imaginamos que a audiência acima solicitada possa não só servir para apresentar o plano de salvação do clube, como analisar, discutir e acordar os futuros termos de utilização do Estádio do Bonfim pelo VFC".
A CMS anunciou que vai na terça-feira mudar as fechaduras do Estádio do Bonfim, cujos direitos de superfície o município adquiriu pelo preço de um milhão e quinhentos mil euros.
"Encontra-se agendada para o próximo dia 24 de novembro, a partir das 14:00, visita técnica das instalações acompanhada por membros do executivo camarário e funcionários para mudar as fechaduras. Após este levantamento do estado em que se encontram as instalações e tomada de posse das mesmas, será regulado o uso do imóvel”, lê-se na carta enviada ao presidente da direção do clube, Paulo Rodrigues.
O documento, a que a agência Lusa teve acesso, assinado por Maria das Dores Meira, presidente da edilidade, refere que na ocasião será feita a vistoria e efetivada a tomada de posse do estádio e demais edificações.
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