A equipa de futebol do Caldas, que disputa o Campeonato de Portugal, viajava no voo de terça-feira da Azores Airlines atingido por um raio, na ligação entre Lisboa e a ilha Terceira.

Segundo o vice-presidente e responsável pelo futebol, Nuno Ferreira, a equipa estava “em sofrimento” na sequência do incidente, quando viajava para os Açores para defrontar, hoje, o Praiense.

O porta-voz da SATA (que detém a marca Azores Airlines para ligações com o exterior do arquipélago) explicou que o incidente com o Airbus A320 da Azores Airlines ocorreu na terça-feira, às 19:00, quando, à descolagem em Lisboa, o avião, com destino à ilha Terceira, foi atingido por um raio e teve de regressar à capital.

“Descolámos e, passados 10 ou 15 minutos, o avião foi atingido por um raio. Vimos um feixe de luz, seguido de um estrondo. Parecia que o avião se ia partir todo”, relatou o dirigente, que tomou a decisão de a equipa não voltar a embarcar noutro aparelho da SATA, duas horas depois, que restabeleceu a ligação à Terceira.

Com a equipa de volta para as Caldas da Rainha, o jogo da 27.ª jornada da Série D do terceiro escalão português voltou a ser adiado, depois de ter sido reagendado uma primeira vez por uma avaria num avião em 30 de março, sendo que a equipa partiu para Ponta Delgada na madrugada de 31 e não conseguiu apanhar um voo de ligação à Terceira a tempo do jogo.

“A tomada de decisão que tive foi especificamente baseada no receio de que grande parte dos atletas estava em sofrimento, porque não é algo simples de se lidar. (...) Que capacidade é que teriam de entrarem dentro de outro avião? Qualquer turbulência ia ser um tormento. A viagem ia ter o desgaste de 10 jogos de futebol”, atirou.

Segundo Nuno Ferreira, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que organiza o campeonato, mostrou-se “sensível à situação e foi tentar, junto do Praiense, encontrar um ponto de equilíbrio para se realizar o jogo”.

“Emocionalmente e psicologicamente, era impensável voarmos naquele (o novo voo de ligação), seria um desgaste tremendo”, justificou.

O dirigente diz ainda não perceber as declarações do presidente do Praiense, Marco Monteiro, que, em declarações ao Record, criticou a decisão de não voar e a relacionou com a vontade de a equipa do continente ter “mais tempo de descanso”, porque o jogo “não aquece nem arrefece na tabela classificativa” a qualquer dos clubes.

“Temos de jogar com tudo, sendo honestos e justos, mas desportivamente não acrescenta nada na tabela. (...)Acho de muito mau gosto”, comentou o dirigente.

O Praiense é terceiro classificado da Série D, a 10 pontos do segundo, o Vilafranquense, com menos um jogo em relação ao adversário, sendo que faltam jogar duas jornadas do Campeonato de Portugal, enquanto o Caldas é sexto, com 10 pontos sobre a zona de despromoção.

No calendário do Caldas está ainda, no dia 18 de abril, a segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, na qual o clube recebe o primodivisionário Desportivo das Aves, que venceu o primeiro jogo por 1-0.

“É mais uma peripécia e uma adversidade, a juntar a muitas outras. Temos conseguido fazer das adversidades uma força a nosso favor. Esperamos que venhamos a conseguir lidar bem com ela e que nos una ainda mais. (...) Qualquer que seja o resultado com o Aves, vamos deixar uma boa imagem, e mesmo se não formos à final vamos estar orgulhosos do que fizemos”, disse.