O Sport Comércio e Salgueiros nasceu há 100 anos da vontade de um grupo de amigos que, entusiasmado com um FC Porto-Benfica, deu corpo à ideia amadurecida à luz de um candeeiro na via pública.

Decorria o ano de 1911, quando “Joaninha” (João da Silva Almeida), Aníbal Jacinto e Antenor, depois de assistirem a um jogo entre FC Porto e Benfica, no Campo da Rainha, primeiro recinto dos “azuis e brancos”, abraçaram a ideia de fundar um clube de futebol.

Junto ao candeeiro 1047, entre as ruas da Constituição e Particular de Salgueiros, no Porto, onde os amigos se encontravam após o jantar, a ideia ganhou corpo sob a forma de Sport Grupo de Salgueiros.

Para de distanciarem do “vizinho” FC Porto, que equipava de azul e branco, os fundadores do Sport Grupo de Salgueiros optaram pelo vermelho para as suas camisolas, cor que se mantém até aos dias de hoje.

O primeiro terreno que serviu de casa ao Salgueiros foi cedido pela Câmara Municipal do Porto e situou-se em Arca d’Água, bem perto do local onde era para nascer, num projeto que acabou por abortar, o novo Vidal Pinheiro.

Em 1917, o clube adotou a designação de Sport Porto e Salgueiros e, já em 1920, para solucionar uma crise que ameaçava a sua existência, fundiu-se com o Sport Comércio adotando a designação que ainda hoje se mantém.

Em fevereiro de 1922, o Salgueiros inaugurou o Campo do Covelo, casa até 1929, com um triunfo frente ao Progresso, por 1-0. Em 1932, sob a presidência de Mário Estrela, mudou-se para o Campo Augusto Lessa, em Paranhos, futuro Vidal Pinheiro.

A estreia do Salgueiros na I Divisão de futebol aconteceu na época de 1943/44 e acabou com um “desastrado” 10.º e último lugar, repetindo na época seguinte: nos dois primeiros campeonatos, somou apenas três vitórias em 36 jogos e um impressionante total de 194 golos sofridos.

Depois de passagens esporádicas junto aos “grandes” em 1951/52, 57/58, 60/61 e 61/62, sem conseguir ficar acima dos três últimos lugares, acabou por se consolidar na divisão principal na década de 80.

A página de ouro do clube de Paranhos só foi escrita, porém, na época de 1990/91, sob a presidência de Carlos Abreu - atual líder da Comissão Diretiva -, com a obtenção do quinto lugar e o consequente apuramento para a Taça UEFA.

Apesar de ter nascido virado para o futebol, o Salgueiros alargou a sua atividade desportiva a outras modalidades, como andebol, atletismo, polo aquático - uma das mais bem sucedidas - e ciclismo.

Pelo Salgueiros passaram, entre outros, Deco, Sá Pinto, Miklos Feher, Silvino, Panduru, Iliev, Caneira, Edmilson, Nélson, Jorge Plácido, João Ricardo, Nikolic, Toni, Semedo, Cao, Pedrosa, Miguel Simão, Tulipa ou Bino.

Da lista de históricos fazem parte Madureira, Pedro Espinha, Pedro Reis, Abílio, Renato, Leão, Jorginho, Tonanha, Milovac, Chico Fonseca, Nandinho, Luís Manuel, Albertino, Álvaro Maciel, Vinha ou Rui França.

Zoran Filipovic, Carlos Manuel, Mário Reis, Octávio Machado e Luís Norton de Matos foram alguns dos treinadores que deixaram a sua marca ao serviço do clube de Vidal Pinheiro.

O Salgueiros mergulhou no início do século (esteve na Liga principal pela última vez em 2001/2002) numa crise financeira que ditou a queda abrupta nas divisões inferiores, até à extinção do futebol sénior, e a delapidação do património existente.

Em 2003/2004, o Salgueiros terminou no sexto lugar a Liga de Honra, mas viu-se relegado para a II Divisão B, na época seguinte, devido à impossibilidade de cumprir com todos os requisitos necessários à sua inscrição.

Depois de uma penosa travessia na Zona Norte da II Divisão B, onde acumulou goleadas em cima de goleadas, com uma equipa composta por juniores, o clube decidiu colocar um ponto final no departamento de futebol sénior e abraçar apenas a área da formação.

A “alma salgueirista”, como era conhecida a sua principal claque, renasceu na época de 2008/2009 com a fundação do Sport Clube Salgueiros 08 e a presença do futebol sénior na II Divisão da AF Porto.

Na presente temporada, o clube portuense disputa a Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto, seguindo, após 13 jornadas, no terceiro lugar, com 25 pontos (menos um jogo), contra 27 do Nogueirense e 28 do Académico de Felgueiras.