Na última sessão, realizada a 23 de Junho, o tribunal suspendeu por 60 dias o processo de falência do Estrela da Amadora, para que o administrador de insolvência nomeado pelo tribunal em Dezembro de 2009 desenvolvesse contactos com investidores particulares, para apresentação de um plano de viabilidade.

A secretaria do tribunal garantiu hoje à agência Lusa que não recebeu qualquer projecto de transformação do clube em sociedade comercial - o que confirma o recuo dos investidores -, nem outro qualquer plano de falência alternativo ao elaborado pelo administrador de insolvência, Paulo Sá Cardoso.

Desde modo, o plano de liquidação elaborado por Paulo Sá Cardoso, que não foi votado na última assembleia devido à suspensão ratificada pelo tribunal, voltará a ser apreciado a partir das 10:00 horas de segunda-feira pelo conjunto de credores, que representam 17,4 milhões de euros (ME) de um total de 28,5 ME de dívidas reconhecidas do Estrela da Amadora.

Este projecto para a insolvência do Estrela da Amadora, clube que está impedido de se inscrever na Liga de futebol na época de 2009/10, preconiza a aceitação pelos credores de perda dos juros vencidos e vincendos, o que mereceu oposição de muitos trabalhadores na sessão.

Propõe ainda um esquema de reembolso dos créditos pelo prazo de 12 anos, com carência de três anos, de 2011 a 2013, e amortização das dívidas até 2025.

Em alternativa, o plano de insolvência consagrava a possibilidade da criação de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD), para dinamizar o futebol profissional (II Divisão Nacional), com os credores comuns a poderem subscrever capital pela conversão dos seus créditos reconhecidos.

Por não cumprir os requisitos estabelecidos pela Federação Portuguesa de Futebol no processo de inscrição nas provas de seniores, o Estrela da Amadora, 10.º na II Divisão Nacional na época de 2009/10, apenas competirá nesta época nos escalões jovens, pela primeira vez desde que foi fundado, em 1932.

O Tribunal do Comércio de Sintra considerou o Estrela da Amadora insolvente a 29 de Setembro de 2009 e, dos 50 ME de dívidas a credores, apenas foi reconhecido um total de 28,5 ME, já com juros vencidos e vincendos, uma vez que não foram considerados alguns créditos reclamados, entre os quais o de José Maria Salgado, antigo presidente do clube.

O Estado reclama 57 por cento da dívida do clube, com o Fisco credor de 12,5 ME e a Segurança Social de 2,3 ME, e entre os credores estão empresas fornecedoras e mais de meia centena de trabalhadores.

A acção no Tribunal do Comércio de Sintra foi interposta pelo Estrela da Amadora, alegando que se encontrava impossibilitado de cumprir pontualmente com as suas obrigações, uma vez que não detinha meios próprios ou de crédito.