O plantel do Vitória de Setúbal, do Campeonato de Portugal em futebol, joga na sexta-feira em Moura, partida em atraso da primeira jornada da série H, mas vai avançar com um pré-aviso de greve para a ronda seguinte.

Sem receberem nenhum vencimento desde o início da época, os jogadores, que estiveram durante a tarde reunidos no estádio do Bonfim com o Sindicato dos Jogadores de futebol, entenderam ser essa a decisão a tomar, apesar de o presidente do clube, Paulo Rodrigues, ter assegurado que na segunda-feira vai regularizar um salário até 1.000 euros a cada atleta.

À saída da reunião, que se prolongou por mais de duas horas, o presidente do Sindicato, Joaquim Evangelista, explicou a decisão que foi tomada.

“Os jogadores decidiram ir a jogo na próxima sexta-feira, dando um sinal positivo e de boa vontade. Entretanto, fizeram também já um pré-aviso de greve para o jogo a seguir [previsto para 22 de novembro no reduto do Olhanense]. Os jogadores dão à direção a possibilidade de até essa altura resolver o problema. Esta é uma posição sensata. Os jogadores podiam não ir a este jogo em Moura, mas vão, dando espaço e tempo à direção para resolver os problemas. Faz-se o pré-aviso e depois logo se verá”, disse.

O dirigente sindical alertou para a necessidade de resolver a situação que se arrasta há vários meses no clube, que foi relegado da I Liga ao Campeonato de Portugal por não ter cumprido os pressupostos financeiros exigidos nas provas profissionais.

“É urgente a resolução deste problema. Ao nível do Campeonato de Portugal, não podemos ter estruturas que logo no início do campeonato não têm capacidade para resolver o problema. Ou há essa capacidade ou não se pode estar a criar expectativas aos jogadores, aos funcionários e às suas famílias”, vincou.

Apesar de já terem possibilidade de o fazer, devido aos quatro meses de salários em atraso, Joaquim Evangelista afasta, para já, a possibilidade de os jogadores avançarem com rescisões de contrato.

“O grupo está muito unido e quer ser parte da solução e não do problema. Penso que esse cenário só se colocará se não houver viabilidade e soluções. Acredito na boa vontade do presidente. Tenho falado com ele e com o advogado, mas agora é preciso dar um sinal claro. Primeiro, pagando já na segunda-feira e, depois, apresentando uma solução que estão, aparentemente, a construir para o futuro do Vitória”, disse.

O presidente do Sindicato dos Jogadores destacou o papel que jogadores como José Semedo, Mano, Nuno Pinto e Zequinha, que permaneceram no Vitória de Setúbal apesar da queda abrupta do clube no Campeonato de Portugal, representam no plantel.

“Os jogadores que transitaram da época anterior não são o problema, são a solução. A unidade do grupo tem muito a ver com eles, com a forma como encaram o Vitória e a sua relação com a massa associativa. Estou convencido que se esses jogadores não estivessem a situação era outra. Têm peso no balneário, têm valores, princípios e alma vitoriana. Respeito muito o Semedo, o Nuno Pinto, o Zequinha e o Mano, são eles que têm sido a alma do Vitória neste período conturbado”, considerou.

Em 03 de novembro, o Sindicato dos Jogadores, depois de ter reunido com os atletas no estádio do Bonfim, já tinha ativado o Fundo de Garantia Salarial para fazer face às necessidades mais urgentes.