Terminou a fase de apuramento para a Taça das Nações Africanas de 2019, que se realiza este ano no Egito. Inicialmente prevista para os Camarões, a Confederação Africana de Futebol viu-se obrigada a transferir a prova para o país magrebino depois de a organização camaronesa não ter cumprido os requisitos e prazos estipulados.

Quatro países de língua oficial portuguesa entraram na última ronda com possibilidades de se apurarem mas apenas a Guiné-Bissau e Angola conseguiram o 'passaporte'. Esta será uma CAN histórica já que pela primeira vez terá 24 seleções. Outra novidade é o facto de a prova realizar-se em junho, algo que dantes não acontecia.

Moçambique 'morreu na praia', Cabo Verde desiludiu em toda a linha, Wilson Eduardo apura Angola

Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau entraram na sexta e derradeira jornada da fase de grupos com a possibilidade de se apurarem, embora com possibilidades diferentes. Os 'Mambas' jogavam em Bissau com os 'Djurtos' e estavam obrigados a vencer, algo que conseguiram aos 87 minutos com um golo de Ratifo, a fazer o 2-1. Mas a seleção comandada por Abel Xavier permitiu o golo do empate da Guiné-Bissau aos 93 minutos, resultado que fez Moçambique terminar no 3.º lugar do Grupo K com os mesmos oito pontos da Namíbia, mas em desvantagem no confronto direto (duas derrotas). Uma desilusão tremenda para os jogadores e técnicos que queriam dar uma alegria ao seu povo, pelo sofrimento causado pelo furacão Idai. É que a vitória de Moçambique dava apuramento para os dois países dos PALOP e eliminava a Namíbia, que perdeu com a Zâmbia mas o empate feito por Mendy deitou tudo a perder.

A seleção guineense, comandada por Baciró Candé, ganhou o Grupo e vai estar, pela segunda vez consecutiva na fase final da maior prova de seleções der África. Moçambique volta a ficar pelo caminho. A Zâmbia, campeã africana em 2012, foi a grande desilusão, ao terminar no último lugar com sete pontos.

Quem também desiludiu e muito foi a seleção de Cabo Verde, comandada por Rui Águas. Os 'Tubarões Azuis' entraram no derradeiro encontro a precisar de vencer e esperar que a Tanzânia não vencesse a já apurada Uganda. Mas nem uma coisa nem outra. No Estádio Nacional, na Cidade da Praia, a seleção cabo-verdiana não foi além de um empate a zero bolas com o Lesoto, seleção que também aspirava um lugar na fase final. Os 'Tubarões Azuis' terminam no último lugar do Grupo L com apenas cinco pontos em seis jogos, naquela que era uma das mais fáceis qualificações de sempre para uma CAN. Não havia nenhum 'tubarão africano' no grupo mas a derrota caseira ante o Uganda e o facto de apenas ter conseguido um ponto fora de casa (empate com Lesoto) ditaram o segundo falhanço consecutivo de Cabo Verde para uma fase final da Taça das Nações Africanas.

Quem está de volta a uma fase final de um CAN é a seleção Angolana. Os 'Palancas Negras' apenas dependiam de si na última ronda e acabaram por fazer valer o seu poderio frente ao Botswana, vencendo por 1-0.

O único golo da partida foi apontada por Wilson Eduardo, jogador do SC Braga. Na sua primeira internacionalização, o jogador que é irmão de João Mário, internacional por Portugal, fez a diferença, deixando Angola no primeiro lugar do I, com os mesmos 12 pontos que a Mauritânia, seleção também apurada.

O Burquina Faso de Paulo Duarte venceu a Mauritânia mas não chegou para estar entre os 24 da fase final. Os angolanos regressam a uma fase final de uma CAN, seis anos depois da última participação, em 2013.

Madagáscar, Mauritânia e Burundi fazem história

A primeira seleção a garantir um lugar na fase final da Taça das Nações Africanas foi Madagáscar. Os malgaxes terminaram no segundo posto do Grupo A com 10 pontos, menos seis que o líder Senegal. Esta é a primeira vez que a seleção de futebol do Madagáscar vai estar entre os melhores de África. O feito é ainda mais extraordinário se tivermos em conta que Madagáscar é a única das seleções apuradas que teve de disputar as pré-eliminatórias.

Histórica foi também o apuramento do Burundi, conseguido graças a um golo de um antigo jogador da União da Madeira, Cedric Amissi, que atualmente, joga no Al-Taawon, orientado por Pedro Emanuel. O médio fez o tento do empate frente ao Gabão que garantiu o segundo lugar do Grupo C, com mais pontos que o gaboneses e menos quatro que o Mali de Marega, já apurado. É a primeira vez que o Burundi vai marcar presença numa fase final de um CAN.

Burundi está na CAN pela primeira vez
Burundi está na CAN pela primeira vez

Outra seleção que surpreendeu foi a Mauritânia, que terminou com os mesmos 12 pontos de Angola no Grupo I, conseguindo assim o histórico apuramento para a fase final da CAN.

O Quénia, que não estava presente numa CAN desde 2004 e a Namíbia, que contava com apenas duas presenças na fase final da prova, são as outras surpresas. Com a Serra Leoa desclassificada no Grupo F, os quenianos fizeram sete pontos em quatro jogos, menos dois que o Gana que terminou no topo do Grupo.

Destaque também para o apuramento da seleção da Namíbia, que terminou com os mesmos pontos de Moçambique mas com vantagem no confronto direto, conseguindo assim um histórico apuramento (só tinha estado em duas fases finais da CAN).

De realçar também para o apuramento da Tanzânia, que não estava numa CAN desde 1080.

O Burkina Faso, orientado pelo português Paulo Duarte, que foi vice-campeão em 2013, foi uma das desilusões, ao falhar o apuramento. Outras grandes decepções são o Congo e a Zâmbia, seleções que já foram campeãs e são presenças assíduas nas fases finais da maior prova africana de seleções de futebol. Essas três seleções juntam-se a Cabo Verde como as únicas que estavam pote 1 (seleções com melhor ranking) no sorteio e falharam o apuramento.

A Taça de África das Nações realiza-se este ano no Egito, entre 21 de junho e 19 de julho.

Seleções apuradas para a CAN2019

Senegal (grupo A)

Madagáscar (grupo A)

Marrocos (grupo B)

Camarões (grupo B)

Mali (grupo C)

Burundi (grupo C)

Argélia (grupo D)

Benim (grupo D)

Nigéria (grupo E)

África do Sul (grupo E)

Gana (grupo F)

Quénia (grupo F)

Zimbábue (grupo G)

RD Congo (grupo G)

Guiné-Conacri (grupo H)

Costa do Marfim (grupo H)

Angola (grupo I)

Mauritânia (grupo I)

Tunísia (grupo J)

Egito (país organizador)

Guiné-Bissau (grupo K)

Namíbia (grupo K)

Uganda (grupo L)

Tanzânia (grupo L)