A CAN2021 fica marcada vários momentos insólitos, entre eles o protagonizado pelo árbitro zambiano Janny Sikazwe durante o Mali-Tunísia, da fase de grupos. O juiz acabou com o jogo antes do tempo… por duas vezes. Primeiro aos 85 minutos e depois, aos 89.
O momento caricato correu mundo mas já teve uma explicação. De acordo com Essam Abdel-Fatah, o chefe dos árbitros da CAN, o juiz zambiano foi vítima de uma insolação, que acabou por faze-lo perder a concentração. O árbitro não conseguiu lidar com o forte calor que se fazia sentir à hora do jogo. Janny Sikazwe teve mesmo de ser levado para um hospital nos Camarões, onde realizou vários exames médicos.
Depois de tudo o que se disse e se escreveu sobre o episódio, chegou a vez do árbitro contar a sua versão dos factos.
"Estava muito quente nesse dia. A humidade estava em torno dos 85%... Após o aquecimento, senti as condições adversas. Mesmo depois de beber água, para esfriar, era como se não tivesse nada. Mas nós árbitros somos soldados e estávamos prontos para continuar", começou por explicar Sikazwe.
"No final da primeira parte, chegámos cedo ao balneário, antes do senhor das chaves. Deitámo-nos e colocámos as pernas para cima para relaxar. Então ele veio e bebi um pouco de água e sumo. No segundo tempo, senti que não tinha descansado nada. Eu não conseguia ouvir ninguém. Foi uma situação muito estranha. A Confederação levou-me para o hospital no dia seguinte. Eu disse-lhes que estava bem, mas eles insistiram. Fizeram um eletrocardiograma para ver como o meu coração reagia ao exercício físico. Também fizeram exames ao sangue. Os resultados foram normais", terminou.
O árbitro zambiano confessou ainda que temeu pela vida.
"Estive muito perto de voltar para a Zâmbia num caixão. Muito perto… As pessoas fizeram todo tipo de comentários negativos sobre mim. Naquele dia estava quente. Até o equipamento de comunicação. Eu queria deitá-lo fora. Gostaria de saber quem me disse para acabar com o jogo. Acho que foi Deus…", atirou.
Durante o Mali-Tunísia, encontro da 1ª ronda do Grupo F da Taça das Nações Africanas, Janny Sikazwe acabou como protagonista do jogo, pelos piores motivos. O juiz de 42 anos apitou para o final do jogo aos… 85 minutos. Perante a estupefação de toda a gente, voltou atrás e deixou o encontro decorrer mais alguns minutos para o terminar aos… 89.
Apesar das nove substituições operadas no segundo tempo, de duas paragens para ir ao VAR e de uma paragem para reidratação, o árbitro não deu qualquer minuto de desconto, terminando mesmo o jogo antes dos 90. Os jogadores e staff técnico da Tunísia ficaram incrédulos com a situação, uma vez que estavam à procura de, pelo menos, empatar.
Os malianos venceram por 1-0, golo de grande penalidade convertida por Ibrahima Kone, aos 48 minutos.
Os tunisinos poderiam ter empatado mas Khazri, uma das estrelas da equipa, falhou uma grande penalidade no segundo tempo, ao permitir a defesa do guardião Ibrahim Mounkoro.
Na grande penalidade a favor da Tunísia, Janny Sikazwe só marcou depois de rever as imagens no monitor, após ser alertado pelo VAR por uma mão na bola na área dos malianos.
Depois também consultou o VAR para rever as imagens e manter a sua decisão de expulsar El Bilal Toure, do Mali aos 87 minutos, com vermelho direto, após entrada dura sobre um contrário. No entanto, pelas imagens, dá para ver que o lance seria, no máximo, para cartão amarelo. O árbitro assim não entendeu.
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