O Sheffield Wednesday escreveu uma das mais bonitas páginas da história do futebol, ao conseguir a reviravolta das reviravoltas que o coloca na final do playoff de subida ao Championship, segundo escalão do futebol inglês. Para lá chegar, teve de derrubar o impossível, desafiar a lógica e as odds. Teve de se reinventar para afastar o Peterborough, na noite de quinta-feira, num dos jogos mais dramáticos dos últimos anos.

Veja o resumo do jogo

Depois de perder na 1.ª mão por 4-0, a equipa respondeu na mesma moeda, com o golo dos 4-0 a chegar aos 90+8. Nas grandes penalidades, mostrou classe e garantiu um lugar em Wembley.

É a primeira vez que uma equipa consegue apurar-se para a final do play-off de acesso ao Championship depois de perder o primeiro jogo por quatro golos de diferença.

Este duelo tinha sido condenado no jogo da 1.ª mão, quando o Peterborough goleou o Sheffield Wednesday por 4-0 em casa. Para os adeptos do Peterborough, o play-off era uma certeza. Nos do Sheffield Wednesday, poucos acreditariam numa possível reviravolta.

A goleada tinha deixado marcas na equipa mas também na confiança dos aficionados. Um adepto do Sheffield Wednesday, descontente com o resultado, criticou ferozmente o treinador Darren Moore nas redes sociais, com muitos insultos racistas.

O clube foi firme e em tempo recorde identificou o adepto e baniu-o por toda a vida de frequentar os jogos da equipa no seu estádio.

Um gesto que deixou Moore lisonjeado, pela forma como o Sheffield Wednesday lidou com o caso. De recordar que Darren Moore foi o primeiro treinador jamaicano da história da Premier League.

Darren Moore, treinador do Sheffield Wednesday
Darren Moore, treinador do Sheffield Wednesday

Depois dos 0-4, era preciso lutar. Lutar e acreditar. Os adeptos responderam à chamada e lotaram o Hillsborough com mais de 34 mil nas bancadas a apoiar do primeiro ao último minuto.

Marcar cedo, logo aos nove minutos, fez a equipa e os adeptos acreditaram que a montanha podia não ser assim tão alta. Smith foi quem deu o primeiro empurrão na esperança de uma noite que se queria épica, ao marcar de grande penalidade. O 2-0, de Gregory, aos 25 minutos, era um sinal claro: metade do caminho estava feito.

Foi preciso lutar, batalhar e, quando James fez o 3-0 aos 71 minutos, a reviravolta estava a 19 minutos de distância. Os penosos 19 minutos transformaram-se em 27 já que foi preciso esperar pelo oitavo minuto de compensação para ver o milagre ganhar forma: Palmer, aos 90+8, fez o 4-4 e atirou o jogo para prolongamento.

O Peterborough mostrou que tinha uma palavra a dizer que os 4-0 da 1.ª mão não tinham sido em vão. Reduziu para 1-4 graças a um autogolo de Gregory aos 105, numa bola parada, mas a noite era do Sheffield Wednesday: a sete minutos do fim, Patterson repôs a igualdade com o 5-5 no jogo e tudo iria decidir nas grandes penalidades.

Da marca dos 11 metros, a equipa que já foi treinada por Carlos Carvalhal e Bruno Lage converteu todos os cinco tiros e venceu por 5-3 (o Peterborough falhou um penálti e não foi preciso bater o último) e deixou o Estádio Hillsborough em êxtase: a multidão saltou das bancadas para o relvado para festejar com os seus heróis, os homens que tinham conseguido uma das mais espetaculares reviravoltas da história do futebol.

Para ser ainda mais épico, falta vencer a final, no dia 29 de maio no mítico Wembley diante do vencedor do jogo entre Barnsley-Bolton, que por agora está em 1-1.