O conselheiro de Justiça do Governo regional da Catalunha considerou hoje que a proibição do uso de bandeiras nacionalistas catalãs na final da Copa do Rei de futebol constitui "uma limitação do direito à liberdade de expressão".
Em declarações à emissora Catalunia Ràdio, Carles Mundó, que considerou esta decisão "inaceitável num estado democrático", acrescentou que o governo central de Espanha "está a aproveitar" esta medida "como munição" em vésperas de campanha eleitoral para as legislativas de 26 de junho (nas quais o tema da independência da Catalunha continua a ser um dos temas fortes).
Os espetadores da final da Copa do Rei, que se disputa no domingo, em Madrid, entre o FC Barcelona e o Sevilha, vão ser revistados um a um, para impedir a entrada de bandeiras independentistas catalãs.
O dispositivo de segurança previsto para a final, às 21:30 (menos uma hora em Lisboa) no estádio Vicente Calderón, contará com 2.500 efetivos dispostos num duplo filtro. Em ambos estes controlos, os seguranças e agentes de segurança vão impedir a entrada de bandeiras independentistas catalãs (as "esteladas").
Para o conselheiro da Generalitat, a medida "não tem qualquer justificação", considerando que a bandeira independentista é "um símbolo democrático da liberdade de expressão".
O jogo é considerado de alto risco e levará ao estádio cerca de 38.800 adeptos de ambos os clubes. A capacidade máxima do Calderón é de 54.907 espetadores. As portas do estádio abrem cerca de três horas e meia antes do encontro, para que os adeptos possam passar pelas medidas de segurança reforçadas, que incluem ainda bilhetes com o nome de cada espetador.
A final da Copa do Rei de 2015, no Camp Nou em Barcelona, ficou marcada por uma enorme assobiadela durante o hino espanhol, na presença do Rei Felipe VI, que assistia - como habitualmente - à partida decisiva da competição.
Antes e durante o jogo (no qual o FC Barcelona bateu o Athletic de Bilbau por 3-1), os adeptos do FC Barcelona desfraldaram milhares de bandeiras "esteladas" (que se diferencia da bandeira da Catalunha por acrescentar um triângulo azul e uma estrela branca às habituais listas vermelhas e amarelas).
Em fevereiro a Audiência Nacional - um tribunal especial espanhol - considerou que não existiu qualquer delito na assobiadela ao Rei na final da Copa do ano passado, ordenando que a queixa fosse arquivada. A procuradoria espanhola considerou que a assobiadela poderia constituir um delito de injúrias ao Rei e aos símbolos de Espanha, como o hino.
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