Abel Ferreira pode replicar no sábado na América do Sul o que Manuel José conseguiu em África e José Mourinho na Europa, precisando para isso de bater o Flamengo na final da Taça Libertadores, em Montevideu.
O ex-treinador de Sporting B, Sporting de Braga B, Sporting de Braga e PAOK, de 42 anos, venceu a edição de 2020, que teve a final já em 2021, culpa da covid-19, e pode agora somar o segundo título na principal prova de clubes da CONMEBOL.
Caso o consiga, Abel Ferreira alcança o que, a nível mundial, só outros dois treinadores lusos conseguiram, Manuel José, campeão africano quatro vezes pelos egípcios do Al-Ahly, e José Mourinho, que ganhou a Liga dos Campeões da UEFA pelo FC Porto e, depois, ao comando dos italianos do Inter Milão.
Em termos de revalidação do cetro, o técnico do Palmeiras tem a hipótese de ser o segundo, já que só Manuel José o logrou, com as vitórias em 2005 e 2006.
Na edição de 2020, o ‘verdão’ chegou ao título numa final ‘regional’ com o Santos, que bateu por 1-0, no mítico Maracanã, em 30 de janeiro de 2021, graças a um golo de Breno Lopes, apontados já aos 90+9 minutos.
Abel Ferreira não foi, porém, o único treinador responsável pelo triunfo do conjunto de São Paulo, uma vez que só foi contratado após a fase de grupos, na qual o Palmeiras somou cinco triunfos e um empate, estreando-se nos oitavos de final.
Desta vez, o técnico luso, que também já levou o Palmeiras à conquista de uma Taça do Brasil, comandou a equipa em todo o trajeto, somando oito triunfos, três empates e uma derrota, com 27 golos marcados e nove sofridos, em 12 encontros.
Com o primeiro triunfo, já fez história, mas um segundo coloca-o, na ‘galeria’ dos técnicos lusos com mais um título de campeão continental de clubes, apenas ao lado de Manuel José, de 75 anos, e José Mourinho, de 58.
Manuel José de Jesus Silva, nascido em 09 de abril de 1946, colecionou um total de 20 títulos pelo Al-Ahly, conjunto da cidade do Cairo, onde é considerado um ‘Deus’, e quatro deles aconteceram na Liga dos Campeões da CAF, em 2001, 2005, 2006 e 2008.
Os egípcios selaram os títulos em finais com os sul-africanos do Mamelodi Sundowns (2001), os tunisinos do Étoile du Sahel (2005) – que se ‘vingariam’ em 2007 - e do CS Sfaxien (2006) e os camaroneses do Coton Sport (2008),
Por seu lado, Mourinho logrou dois sucessos na Europa, na ‘milionária’ Liga dos Campeões, indiscutivelmente a mais importante competição mundial de clubes.
O atual treinador da Roma venceu o primeiro troféu ao serviço do FC Porto, em 2003/04, e o segundo ao comando dos italianos do Inter Milão, em 2009/10, somando por triunfos as duas presenças na final da ‘Champions’, em finais com os franceses do Mónaco (3-0) e os alemães do Bayern Munique (2-0), respetivamente.
Abel Ferreira está a um triunfo de somar o seu ‘bis’ e deixar para trás quatro treinadores lusos que já se sagram uma vez campeões continentais de clubes.
O derradeiro foi Leonardo Jardim, que conseguiu na terça-feira o primeiro sucesso luso na Ásia, ao comandar os sauditas do Al-Hilal à vitória na ‘Champions’ asiática de 2021, com um triunfo por 2-0 sobre o Pohang Steelers, na final de Riade.
O primeiro foi Artur Jorge, que conduziu o FC Porto ao seu primeiro título europeu, na final da Taça dos Campeões Europeus de 1986/87, em Viena, com um 2-1 ao Bayern Munique, selado, com reviravolta, por Madjer, de calcanhar, e Juary.
Depois, em 2011/12, foi a vez de André Villas-Boas, o único técnico luso que ganhou sem disputar a final, já que foi despedido do Chelsea a meio dos oitavos de final da ‘Champions’, que os ‘blues’ venceriam já com o italiano Roberto Di Matteo ao comando.
Em 2019, foi Jorge Jesus a somar a primeira vitória lusa na Taça Libertadores, ao serviço do Flamengo, que repetiu o longínquo triunfo de 1981 ao bater na final os argentinos do River Plate por 2-1, com dois golos a acabar de Gabriel Barbosa.
Na edição seguinte, Abel Ferreira sucedeu ao agora técnico do Benfica e, no sábado, pode revalidar o cetro, precisamente num embate face ao Flamengo, no Estádio Centenário, em Montevideu, a partir das 17:00 locais (20:00 em Lisboa).
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