A festa dos adeptos do Nápoles, na comemoração da conquista da Taça de Itália, continua a dar que falar. A OMS classificou de irresponsável a atitude dos adeptos que foram à rua comemorar e não respeitaram o distanciamento obrigatório para impedir a propagação da COVID-19.
Mas a autarquia local não viu problemas no ajuntamento de adeptos, lembrando que na Lombardia houve 40 vezes mais mortes que em Nápoles.
"Não fazer parte da festa da hipocrisia. Tudo o que aconteceu era previsível e se o Governo quisesse evita-lo, teria proibido o futebol", comentou o autarca da cidade de Nápoles, Luigi de Magistris, aos microfones da 'Sky Sports'.
Mais duras foram as palavras de Vincenzo De Luca, presidente da região de Campânia, que tem Nápoles como capital. As suas ações contra a propagação da COVID-19 ficaram na memória dos italianos: durante a quarentena, De Luca chegou a ameaçar os jovens que queriam sair para festas. A verdade é que as suas políticas na região deram resultado e ajudaram a conter a propagação do vírus. Vincenzo De Luca chegou a chamar Matteo Salvini, ex-Ministro do Interior, de 'burro político' por este ter criticado a forma como estava a gerir a pandemia no seu território.
"Alguns comentários mostram um certo racismo contra a Campânia e o Sul. Os adeptos festejaram e isso teria acontecido em qualquer parte. Em Turin, na final da Liga dos Campeões, houve mortes e feridos [em 2017 morreram três pessoas e 1672 ficaram feridas na Praça San Carlos]. Aquele palerma [n.d.r. Matteo Salvini] mostrou ser um burro, porque ele próprio organizou uma manifestação no dia 02 de junho, violando todas as normas de distanciamento", respondeu Vincenzo De Luca.
O presidente da Região de Campânia aproveitou para recordar os dados da pandemia de COVID-19 no território que administra.
"A Campânia, com quase seis milhões de habitantes, teve apenas 4615 casos de COVID-19. A Lombardia teve 20 vezes mais e 40 vezes mais mortes. Para os que têm memória, recordamos que aqui fechamos tudo 15 dias antes das decisões do Governo central, enquanto noutras regiões de Itália continuava-se em festa, dançando e bebendo", criticou.
Há mais de um mês que a região está a viver a fase 2 do confinamento, contando com menos de dez contágios diários.
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