Stéphanie Frappart vai tornar-se na primeira mulher a arbitrar a final da Taça de França masculina, que será disputada entre o Nantes e o Nice, após ter sido nomeada pela federação francesa de futebol. A 105.ª edição da Taça de França vai decorrer em 7 de maio, no Stade de France.

"Estou feliz e orgulhosa com essa nomeação. Agradeço à federação a confiança que deposita em mim. Aprecio particularmente esta competição, um grande evento do futebol francês que mistura amadores com profissionais", disse Stéphanie Frappart, em declarações divulgadas pelo organismo que rege o futebol gaulês.

Frappart, de 38 anos, vai voltar a fazer história, depois de já se ter tornado na primeira mulher a dirigir um encontro da liga francesa, assim como a Supertaça europeia e uma partida da Liga dos Campeões.

Em setembro de 2021, a árbitra francesa tinha dirigido o jogo da Liga Europa entre o Sporting de Braga e os dinamarqueses do Midtjylland, em Braga.

Stéphanie Frappart, a primeira em tudo

Natural de Plessis-Bouchard, em Val-d'Oise, Frappart obteve a sua primeira licença de futebol aos 10 anos no clube AS Herblay, de acordo com a revista 'Madame Figaro'. Ingressou na arbitragem, nove anos depois, na divisão regional de honra, na Île-de-France.

Stéphanie Frappart tem sido pioneira na arbitragem de jogos de competições masculinas. Foi a primeira mulher a apitar na segunda divisão francesa, a Ligue 2, em 2014, Em 2019 foi também a primeira árbitra a dirigir um jogo na primeira divisão masculino, a Ligue 1, em 2019, num embate entre o Lyon e o Marselha.

Em 2020 tornou-se na primeira mulher a arbitrar um jogo de qualificação para o campeonato do mundo de futebol, quando dirigiu o embate entre Países Baixos e Letónia.

A árbitra de 38 anos foi também a primeira mulher a marcar presença num Campeonato da Europa masculino, quando integrou o grupo de árbitros do Euro2020.

Quem é afinal Vanessa Gomes, a primeira árbitra nos campeonatos profissionais?
Quem é afinal Vanessa Gomes, a primeira árbitra nos campeonatos profissionais?
Ver artigo

Na UEFA, foi também pioneira na arbitragem de jogos das fases de grupos das competições masculinas, tendo sido a primeira mulher a apitar na Liga dos Campeões, na vitória caseira da Juventus frente ao Dínamo Kiev (3-0), em 02 de dezembro de 2020, depois de ter iniciado a arbitragem feminina na Liga francesa, em abril de 2019.

No entanto, Stéphanie Frappart não é a primeira árbitra a dirigir jogos de uma competição masculina da UEFA, uma vez que a suíça Nicole Petignat, entre 2004 e 2009, apitou três jogos da fase de qualificação da Taça UEFA.

No cenário europeu, Frappart também foi a primeira mulher a liderar um encontro oficial internacional masculino (Malta contra Letónia, em 06 de setembro na Liga das Nações), e arbitrou os seus dois primeiros encontros da Liga Europa em 22 de outubro (Leicester-Zorya Louhansk), e 26 de novembro (Grenada-Omonia Nicosia).

Frappart já tinha feito história ao tornar-se também na primeira (e única, até agora) mulher a dirigir a Supertaça Europeia de futebol, entre Liberpool e Chelsea, disputado a 14 de agosto de 2019. Na altura, liderou uma equipa composta principalmente por mulheres, uma vez que teve como assistentes a compatriota Manuela Nicolosi e Michelle O'Neal, da República da Irlanda.

O currículo de Stéphanie Frappart em partidas de futebol masculino inclui ainda a Supertaça Europeia de 2019, entre Liverpool e Chelsea, três jogos da Liga Europa desta temporada e um da última edição da Liga das Nações, além de mais de 100 partidas nas competições francesas, desde a ‘Ligue 1’ até à ‘Nacional 2’, passando pela Taça de França.

Mulheres num mundo de homens

Depois de Frappart, muitas mulheres tem vindo a ganhar espaço na arbitragem, num mundo ainda dominado por homens.

Em fevereiro de 2021, a brasileira Edina Alves Batista liderou uma equipa de arbitragem 100% feminina no jogo de atribuição do quinto lugar do Mundial de clubes, entre Ulsan Hyundai e Al Duhail.

Antes, apenas a alemã Bibiana Steinhaus tinha arbitrado nos cinco principais campeonatos europeus, estreando-se no embate entre Hertha Berlim e Werder Bremen (1-1), em 10 de setembro de 2017.

Na CONCACAF, quatro árbitras norte-americanas  estrearam-se em jogos de qualificação para o Mundial2022, uma como quarto árbitro, em quatro jogos.

Kathryn Nesbitt, que foi a primeira mulher a integrar uma equipa de arbitragem numa competição profissional nos Estados Unidos, dirigiu os embates entre Canadá e Bermuda, e entre Anguila e a República Dominicana.

Jennifer Garner foi a árbitra assistente no jogo entre Aruba e Suriname, tendo Tori Penso como quarto árbitro, enquanto Brooke Mayo foi árbitra assistente no embate entre as Ilhas Caimão e Canadá.

E em Portugal?

Em Portugal, a árbitra Vanessa Gomes tornou-se na primeira mulher a integrar uma equipa de arbitragem numa partida de futebol profissional. Em 2020, Vanessa Gomes foi assistente no Estoril Praia-Arouca, jogo que marcou o arranque da II Liga de futebol 2020/21.

Nascida em 1987 e na arbitragem de 2007, Vanessa Gomes foi a primeira árbitra assistente da história do futebol profissional masculino em Portugal, depois de 13 anos como árbitra.

Filiada na Associação de Futebol de Lisboa, é internacional e figura agora na categoria AAC2, que permite ser assistente na II Liga, ao lado de outras duas mulheres: Cátia Tavares e Olga Almeida.

Na categoria C4 estão duas árbitras de campo, Catarina Campos e Sílvia Domingos, preparadas para arbitrar as competições masculinas do Campeonato de Portugal, terceiro escalão nacional, e a Liga Revelação, principal prova nacional sub-23.