Noventa e quatro anos, seis meses e 23 dias depois da estreia, com um desaire por 3-1 em Espanha, num embate particular, a seleção portuguesa de futebol conquistou hoje o seu primeiro grande título.

A pouco mais de cinco anos e meio das comemorações do centenário do seu jogo inaugural, a 18 de dezembro de 1921, Portugal inscreveu, finalmente, o seu nome na lista dos ‘imortais’, dos vencedores, ao bater a anfitriã França por 1-0, após prolongamento, na final do Europeu de 2016, graças a um tento do suplente Éder, aos 109 minutos.

Depois de sucessivas frustrações, com cinco eliminações em meias-finais, dos Mundiais de 1966 e 2006 e dos Europeus de 1984, 2000 e 2012, e da tristemente inesquecível derrota caseira com a Grécia, em pleno Estádio da Luz, em Lisboa, Portugal tornou-se o 10.º país campeão europeu.

A formação das ‘quinas’ estreou-se em 1921, mas só conseguiu o primeiro triunfo em 1925, a 18 de junho, ao vencer a Itália por 1-0, na capital, com um golo de João Maia.

Em termos oficiais, Portugal só começou a jogar nos Jogos Olímpicos de 1928, em Amesterdão, conseguindo vencer logo na estreia, ao derrotar o Chile por 4-2, a 27 de maio.

Dois anos depois, em 1930, arrancou o Mundial de futebol e, bem mais tarde, em 1960, foi a vez de se iniciar o Europeu, mas a formação das ‘quinas’ só em 1965 logrou qualificar-se para uma grande competição.

Em Inglaterra, em 1966, os ‘magriços’ estrearam-se e encantaram, alcançando o terceiro lugar, que ainda assim soube a pouco, sob a liderança do ‘rei’ Eusébio da Silva Ferreira, melhor marcador do Mundial, com nove golos.

Apesar de Eusébio, Portugal não logrou repetir nos anos seguintes a presença em fases finais, voltando apenas em 1984, com mais uma estreia marcada pela queda nas meias-finais, de novo face à equipa da casam, a França (2-3 após prolongamento).

Em 1986, a seleção lusa voltou a chegar a uma fase final, mas a presença no México só entrou para a história por culpa do denominado ‘Caso Saltillo’, um confronto entre dirigentes e jogadores. No campo, a primeira eliminação na fase de grupos.

As ‘ondas de choque’ provocadas por este caso voltaram a afastar Portugal das fases finais, com o regresso a dar-se apenas uma década depois, na primeira experiência da ‘geração de ouro’, os campeões mundiais de juniores de 1989 e 1991.

Depois dos ‘quartos’ em 1996, a formação lusa ainda falhou o Mundial de 1998, em França, antes de passar a ser presença constante – com maiores ou menores problemas na qualificação - em fases finais, com o Euro2016 a ser já a nona consecutiva.

Portugal ainda não falhou qualquer fase final este século e foi acumulando bons resultados, com nova meia-final de um Europeu, em 2000, e a presença na fase final do seguinte, que decorreu em solo luso.

A formação das ‘quinas’, então comandada pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari, começou com um desaire com a Grécia, mas, depois, bateu Rússia, Espanha, Inglaterra (nos ‘quartos’) e Holanda e chegou à tão primeira ansiada final.

A jogar em casa, perante uma Grécia que chegara a Portugal sem qualquer triunfo em fases finais, a formação das ‘quinas’ parecia destinada a chegar ao título, mas os helénicos escreveram a mias triste derrota lusa, em plena Luz.

Apesar desta deceção, a seleção das ‘quinas’ voltou a fazer figura no Mundial de 2006 (meias-finais) e no Europeu de 2012 (meias-finais), mas teve que esperar por 2016 para, finalmente, conseguir o seu primeiro título.

Os ‘deuses’ abriram caminho até à final (Islândia, Áustria e Hungria na primeira fase e Croácia, Polónia e País de Gales a eliminar) e, em Saint-Denis, Portugal aproveitou a oportunidade e ‘vingou-se’ da França, que havia sido sua carrasca em três meias-finais (1984, 2000 e 2006).

No Stade de France, frente a um conjunto que havia vencido as anteriores finais disputadas em casa (2-0 à Espanha, no Euro84, e 4-0 ao Brasil, no Mundial98), o suplente Éder ‘mascarou-se’ de Cristiano Ronaldo, que saiu lesionado aos 25 minutos, e ‘escreveu’ o título português, o primeiro de sempre, 34.537 dias depois do primeiro jogo.