Cristiano Ronaldo marcou presença na sala de imprensa da Cidade do Futebol para falar aos jornalistas, antes do Eslováquia-Portugal, de apuramento para o Euro2024. O capitão falou dos 850 golos da sua carreira, da rivalidade com Messi, da fuga de talentos para a Arábia Saudita, e muito mais.

Portugal perto do apuramento: "Queremos muito ganhar estes dois jogos, sabemos que se ganharmos estamos praticamente apurados. São dois bons jogos, na minha perspectiva de ver as coisas. É um jogo difícil principalmente este que vamos ter contra a Eslováquia. Os jogos fora são sempre mais complicados. Mas a equipa está bem. Ainda não perdemos nenhum jogo. Estamos confiantes. Aqui em casa vamos tentar ganhar."

850 golos na carreira: "É um marco histórico. Foi para mim uma surpresa alcançar estes números que nunca pensei alcançar. Mas quero mais, enquanto jogar a fasquia tem de estar sempre cá em cima, a pensar em grande. Agradeço a quem me ajudou, nos clubes e seleções."

Quem gosta de Messi odeia Ronaldo e quem gosta de Ronaldo odeia Messi? Ódio? Não vejo as coisas assim, a rivalidade já foi. Era boa, os espectadores gostavam. Quem gosta do Cristiano Ronaldo não tem de odiar o Messi. São os dois muito bom, mudaram a história do futebol. Somos respeitados em todo o mundo, é o mais importante. Ele faz o seu caminho, eu o meu. Ele tem feito bem, pelo que tenho visto. É continuar, o legado continua, a a rivalidade não vejo assim. Até já disse, partilhamos o palco 15 anos e acabamos por ser, não digo amigos, mas somos colegas de profissão e respeitamos mutuamente."

Críticas a jogadores que foram para a Arábia Saudita: "É normal, qual é a liga que não é criticada, que não tem problemas e controvérsia? Há em todo o lado, em Espanha, Portugal... Eu já sabia, continuo a dizer, toda a gente pensava que era maluquinho [por ir para a Arábia Saudita] mas o maluquinho não é tão maluquinho... Já é normal jogar na liga árabe. Como jogador do Al Nassr, sabia que isto ia acontecer, é um privilégio mudar uma cultura de um país e futebol, ter grandes craques e isso deixa-me orgulhoso. Fui o pioneiro e sinto-me orgulhoso por isso. O que mais quero é continua a evoluir sempre, para que seja de topo"

Seleção de Portugal está melhor agora do que em 2003 quando começou? "Não está melhor nem pior, é uma fase diferente. Quando há uma mudança, respira-se de forma diferente, não esquecendo o trabalho que foi feito nos últimos anos. Desde 2003 houve momentos bons, fases finais, campeonatos do mundo e europeus, Liga das Nações, foram fases normais que as seleções passam. Este momento tem sido muito bom, na minha opinião. Nos treinos respira-se de forma diferente, nos jogos também, ganhamos todos. Estamos felizes por isso, eu principalmente estou feliz, tudo tem corrido bem, tenho marcado. Quero continuar, sinto-me bem, útil. A marca dos 20 anos [na Seleção] deixa-me orgulhoso, porque demonstra longevidade, é difícil, mas tenho demonstrado que é possível."

Polémicas com a convocatória: "Estou há 20 anos aqui na Seleção e não houve uma convocatória em que não tivesse havido controvérsia. Vai acontecer sempre, não é com Martínez ou Fernando Santos... O que mais peço é que independentemente de quem está, quem vier em boa forma ou menos rodado, é apoiar as decisões do treinador. Jogamos pelo país, pela seleção, temos de pensar no objetivo de qualificar e apoiar as decisões do selecionador. Vai haver sempre controvérsia, importante é ganhar e apoiar as decisões do mister."

Leva 12 golos pelo Al Nassr, chega sempre aos 17 ou mais golos por época: "Acho que habituei a malta a um número tão alto, que 10, 15, 17 é pouco. É aquilo que habituei, a fasquia que meto sempre, o que mais quero é continuar. Sinto-me bem, tenho feito bom trabalho, boa pré-temporada, na seleção também. Acho que este ano vou fazer mais do que os 17. Tenho essa confiança, porque comecei bastante bem. A pré-temporada foi chave, nunca tinha feito uma tão boa, depois é aguentar o mais possível durante a época. Há sempre quebra, espero que isso aconteça de forma natural. Que eu esteja sempre lá quando precisarem de mim."

Vai ficar para lá do Mundial2026?  "Vou ser muito sincero:  nos últimos dois anos, penso de forma diferente. Aconteceram coisas que me fizeram pensar que a vida tem de ser o momento. Já não consigo pensar a longo prazo. Tudo pode acontecer, há sempre qualquer coisa e muda tudo. Desfrutar do momento, é bom. Ambicionar ir ao Europeu e fazer excelente Europeu. E tudo o resto veremos. A vida é dinâmica e não se sabe o que pode acontecer. É 'Enjoy the Moment'".

O Eslováquia-Portugal está agendado para as 20h45 locais (19h45 em Lisboa), no Estádio Nacional, em Bratislava, e terá arbitragem do sueco Glenn Nyberg. Três dias depois, na segunda-feira, Portugal recebe no Algarve o Luxemburgo.

Após quatro jornadas, a seleção nacional lidera o Grupo J, com 12 pontos, somando apenas vitórias, à frente da Eslováquia, segunda classificada, com 10, e do Luxemburgo, terceiro, com sete. Bósnia-Herzegovina e Islândia somam três pontos, enquanto o Liechtenstein continua a zero.

Os dois primeiros lugares do agrupamento dão acesso direto à fase final do Campeonato da Europa, que vai decorrer no próximo ano, na Alemanha.