A seleção de Gibraltar foi hoje goleada pela Polónia, por 7-0, mas os seus adeptos fizeram na mesma a festa na estreia oficial da sua seleção de futebol, em jogo do grupo D da fase de qualificação do Euro2016, disputado no Estádio Algarve.
Apesar da derrota pesada, que incluiu um "poker" de Lewandoswki, jogador do Bayern de Munique, os cerca de três milhares de fãs que viajaram de Gibraltar celebraram o momento histórico para o território britânico, despedindo-se da equipa com uma enorme salva de palmas.
O selecionador de Gibraltar confessou que faltou "condição física" aos seus jogadores, cujo último jogo oficial foi em maio, na vitória contra Malta (1-0), também no Algarve, uma vez que a liga gibraltina, em que alinham quase todos, ainda não teve início.
"Mostrámos que temos muito coração, especialmente na primeira parte. Só precisamos de juntar a condição física a esse coração, para podermos durar mais do que 45 minutos", disse Allen Bula, após a partida.
"O resultado final é como um abrir de olhos para a nossa verdadeira realidade. Retiramos de positivo a vontade mostrada pelos jogadores. Na primeira parte, estivemos bem e, com mais algumas qualidades, poderíamos ter ido para intervalo com outro resultado", acrescentou.
A resistência gibraltina durou apenas 11 minutos: Grosicki, com um remate de fora da área desviado por um defesa adversário, abriu o marcador mas o golo não tirou ânimo aos gibraltinos, que tentavam, em alguns contra-ataques, ameaçar o claro domínio polaco.
A tenacidade e espírito de sacrifício de Gibraltar não chegam, porém, para ultrapassar as limitações técnicas e táticas, o que ficou à vista na segunda parte, quando a Polónia foi aumentando o marcador a seu bel-prazer, com golos de Grosicki (48), Lewandowski (50, 53, 86 e 90+1) e Szukala (58).
"Isto foi algo novo para nós. Não foi a Polónia que foi muito melhor do que nós, a verdade é que nós 'desligámos' no segundo tempo. Quando eles fizeram o 0-2, logo no início da segunda parte, baixámos a cabeça e admitimos que o mais normal seria sermos goleados", confessou o guarda-redes titular, Jordan Perez.
Por seu lado, Payas, que entrou a cinco minutos do final, reconheceu que o plano inicial, que passava por "aguentar o nulo o máximo de tempo possível" saiu furado por uma "má entrada" na segunda parte.
"Perdemos a intensidade e sofremos muitos golos em poucos minutos, o que basicamente nos 'matou'. Para seguir em frente, temos de estar a 100% do primeiro ao último minuto de jogo", afirmou o jogador gibraltino.
O marcador avolumou-se no segundo tempo mas os adeptos gibraltinos não demonstraram tristeza, continuando a apoiar a sua equipa e prosseguindo uma festa que começou ainda antes da partida, fora do Estádio Algarve, como a agência Lusa observou.
"É uma sensação fantástica, enorme", repetiam, em uníssono, antes do encontro, Justin Fernandez e a esposa, que saíram de Gibraltar de manhã com mais dois amigos para viverem "um momento histórico".
"Realisticamente, marcar um golo já seria bom. Nós somos apenas amadores, sem grande experiência nestes ambientes, só podemos pedir que os jogadores deem tudo o que podem. Vamos ver todos os dez jogos da fase de qualificação!", assegurava o adepto da seleção de Gibraltar.
"Espanha não quis e Portugal recebeu-nos de braços abertos, por isso, esta é a nossa casa. Somos muito bem tratados pelos portugueses e sentimo-nos em casa", garantiu, por seu lado, Pablo Rios.
O adepto de Gibraltar reconheceu que "é muito cedo" para a sua seleção poder "pensar noutros voos", pelo que, para já, só podem "desfrutar o momento e fazer o seu melhor".
Sem campo certificado pela UEFA e com um projeto de recinto que só estará concluído em 2016, a seleção de Gibraltar vai disputar no Estádio Algarve mais quatro encontros da fase de qualificação, com destaque para a receção à Alemanha, em junho de 2015.
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