Portugal defronta, esta quinta-feira, a Itália em partida das meias-finais do Euro sub-17, competição que se realiza na Albânia.

Na fase de grupos, Portugal somou dois triunfos e um empate, sabendo-se que a equipa treinada por Bruno Maçães, teve como adversários as poderosas França e Alemanha. No primeiro jogo, a equipa portuguesa bateu a anfitriã Albânia (4-0) com golos de Rafael Quintas, Mateus Mide, Anísio Cabral e Tomás Soares); seguiu-se um empate sem golos frente à França e um 2-1 à Alemanha. Após estar a perder por 1-0 frente aos germânicos, os lusos marcaram por intermédio de Tomás Soares e Daniel Banjaqui. A equipa das quinas ficou em segundo lugar no grupo com os mesmos pontos que a França.

Este encontro contra a Itália será uma espécie de 'revenge' depois da derrota na final do ano passado frente à Squadra Azzurra. Nove anos depois do último triunfo, Portugal quer dar um passo decisivo rumo a nova conquista.

Declarações dos selecionadores (fonte UEFA).

Massimiliano Favo, seleccionador de Itália: "Tendo terminado um grupo difícil com nove pontos, sabemos que podemos competir com qualquer um. Os portugueses têm uma grande tradição futebolística, para além de terem historicamente jogadores muito talentosos. Imagino que terão um grande desejo de vingança."

Bino, seleccionador de Portugal: "Esta é uma recompensa para os nossos jogadores pelo que fizemos e pelo percurso traçado até agora. É um desafio para todos nós, mas é óptimo vencer quando demonstramos a maturidade e a garra que temos. Estamos a representar Portugal muito bem."

Após um percurso inolvidável na fase de qualificação, só com vitórias - Liechtenstein (10-0), Finlândia (5-1) e Bósnia (4-2) na primeira ronda de apuramento, em novembro, e frente a Hungria (2-0), Países Baixos (3-1) e Sérvia (3-1) na Ronda de Elite, em março - os 20 selecionados de Bino Maçães vão defrontaram duas seleções que são candidatas à conquista do torneio. Os gauleses venceram em 2004, 2015, 2022. A Alemanha averbou dois triunfos em 2009 e 2023.

Recorde-se que Portugal foi finalista da última edição, ao ser derrotado pela Itália por 3-0. Contudo, Portugal já conta com dois títulos no palmarés, em 2003 e 2016. Vamos então recordar a história dessas conquistas.

A primeira conquista em 2003, com Miguel Veloso como homem do torneio

A seleção portuguesa de sub-17 sagrou-se pela primeira vez campeã europeia da categoria em 2003, um ano depois da estreia de uma competição ganha pela Suíça.

Numa prova que teve lugar em Portugal, no estádio do Fontelo, em Viseu, a equipa das quinas venceu a Espanha na final por 2-1.

Na fase de grupos, a equipa comandada por António Violante venceu todos os jogos da fase de grupos. No jogo de estreia, começou por bater a Dinamarca por 3-2, com golos de Paulo Ricardo, João Pedro e Manuel Curto; seguiu-se o triunfo frente à Áustria com um golo solitário de Manuel Curto (1-0), fechando a chave de grupos com um 2-0 frente à Hungria (tentos de Bruno Gama e Vieirinha).

Nas meias-finais, após um empate após prolongamento com a Inglaterra (2-2), com golos a serem apontados pro Vieirinha e Carlos Saleiro, Portugal impôs-se da marca da grande penalidade.

No encontro decisivo, e curiosamente frente a uma Espanha que contava com António Adán, antigo guarda-redes do Sporting, na baliza, e onde pontificava também David Villa, os lusos conseguiram impor o seu domínio.

Márcio Sousa começou por colocar a equipa lusa na frente, à passagem do minuto 22, mas David Rodríguez empatou a contenda ao minuto 42. Só que Sousa novamente voltou a dar vantagem a Portugal e fixou o resultado final, garantindo a conquista para a equipa portuguesa.

Jogadores em destaque nessa conquista portuguesa

Márcio Sousa foi um dos grandes heróis da conquista, ao marcar os dois golos que deram o triunfo na final sobre a Espanha. O jogador de 17 anos era um atleta dotado de técnica e com uma enorme visão de jogo, sendo então apelidado como "Maradoninha". Com passagens pela formação do V. Guimarães e FC Porto, o talento por si só não foi suficiente para que realizasse uma carreira ao mais alto nível. A nível sénior, destaque para a conquista da segunda liga ao serviço do Tondela.

Contudo, a equipa orientada por António Violante contava com um grupo de jogadores que irar-se destacar-se no panorama mundial. Miguel Veloso foi o capitão da equipa e viria a ser eleito o melhor jogador do torneio. Para além do médio formado no Sporting, João Moutinho é sem sombra de dúvidas o jogador que tem no currículo as maiores conquistas. Pérola da formação do Sporting, o centrocampista tem um percurso recheado de títulos com destaque para os três títulos de campeão conquistados no FC Porto, para um título na Ligue 1 ao serviço do Mónaco, Liga Europa ao serviço dos azuis e brancos e para o Campeonato Europeu de 2016 conquistado ao serviço da seleção portuguesa. Vieirinha, extremo com passagens pelo FC Porto e Wolfsburgo e pela seleção nacional, era outra das figuras desta seleção, que contava ainda com jogadores como Carlos Saleiro, Hélder Barbosa, Paulo Machado, João Coimbra, Manuel Curto e Tiago Gomes.

Triunfo em 2016 com uma nova geração recheada de grandes figuras

Portugal teve que esperar 13 anos para voltar a vencer a competição em 2016, curiosamente o ano mais glorioso para as cores nacionais com a conquista do Euro 2016 em seniores em França.

Desta feita, no Azerbeijão, Portugal reencontrou a Espanha na final e voltou a vencer, desta feita nas grandes penalidades por 5-4, depois de um empate no tempo regulamentar.

Diogo Dalot, hoje jogador do United e internacional A, abriu aos contas à passagem do minuto 27. Cinco minutos depois, Brahim Díaz, hoje estrela do Real Madrid, empatou a contenda ao minuto 32, numa seleção onde o dono da baliza era Iñaki Peña, guarda-redes da la La Roja e guardião do Barcelona. Do lado português, Diogo Costa era o número das redes portuguesas.

Na fase de grupos, Portugal voltou a ter folha limpa, e avançou sem dificuldades para as fases a eliminar.

A equipa de Hélio Sousa começou por aplicar um 5-0 ao Azerbeijão (tentos de Zé Gomes (2), Asadov (pb), Miguel Luís e Gedson Fernandes). Venceu depois a Escócia - golos de Domingos Quina e Zé Gomes - e empatou no terceiro jogo frente à Bélgica (0-0). Nos quartos de final, Portugal goleou a Áustria por 5-0 (Zé Gomes (2), Mesáque Djú, Miguel Luís), e garantiu o bilhete para a Final com o triunfo sobre os Países Baixos por 2-0, tentos de Zé Gomes e Diogo Dalot.

Jogadores portugueses em destaque nessa competição.

José Gomes, avançado do Benfica, arrebatou o título de melhor marcador do torneio, com sete golos, e é mesmo o maior goleador de sempre da competição, com 16 golos, incluindo as fases de qualificação. Sem se conseguir afirmar na equipa principal do Benfica, o avançado é hoje atleta do AF Elbasani da Albânia. O guardião Diogo Costa foi outra das figuras em destaque, tendo demonstrando uma enorme segurança defensiva no torneio, ao sofrer apenas um golo, precisamente no jogo da final.

Diogo Dalot, então lateral direito do FC Porto, brilhou com os golos apontados nas meias-finais e final, assim como Diogo Leite, defesa também formado nos dragões e que hoje representa o Union Berlim da Bundesliga.

A geração de 2016 estava recheada a nível de talento: Rafael Leão, então com 16 anos, dava os seus primeiros passos, ele que na atualidade é uma das peças fulcrais da seleção portuguesa. Jota (avançado do Celtic), Florentino Luís (médio do Benfica) e Gedson Fernandes (Besiktas) eram outras das coqueluches desta geração, onde também emergiram atletas como Mesaque Djú, Miguel Luís, ou Rúben Vinagre.

Muitos destes atletas confirmaram o seu talento ao destacarem-se em grande emblemas e vários alcançaram a equipa principal de Portugal.