O jovem Gelson Martins, extremo do Sporting e um dos convocados da seleção nacional de Sub-19 para o Euro2014 de futebol, na Hungria, defendeu hoje que Portugal tem qualidade para sonhar com o apuramento para a final da competição.

“Temos qualidade para sonhar com a final, mas isso só não chega. É preciso muito trabalho, alguma sorte e a consciência de que não haverá adversários fáceis. Uma coisa não podemos deixar fugir, que é o apuramento para o Mundial Sub-20 do próximo ano”, disse Gelson Martins, a quem Ilídio Vale, Coordenador Técnico Nacional, não poupa elogios.

O responsável federativo considera Gelson “um extremo tecnicamente evoluído”, explicando que “o conceito de técnica está intimamente ligado ao conceito de eficácia dos jogadores nas diferentes ações do jogo", o que, por sua vez, pressupõe "capacidade de decisão" dos mesmos.

“Gelson tem revelado eficácia nas ações de jogo, quer no plano individual quer no plano coletivo", pelo que poderá concretizar o sonho comum a todos os extremos, caso se esforce e trabalhe muito, como tem feito", observou Ilídio Vale.

Já Gelson tem noção de que "ter técnica é uma vantagem, mas não é tudo", razão pela qual percebe ter “um longo caminho pela frente”.

É ele próprio que assume: “Quando comecei a jogar, perdia-me em habilidades. Depois aprendi a usá-las nos momentos certos, em benefício da equipa. Estou a evoluir e o trabalho que tenho feito na Seleção ajuda-me bastante".

Os seus dotes técnicos foram sendo apurados e a inspiração proveio das jogadas que via fazer ao ex-internacional brasileiro Robinho quando vivia em Santiago, Cabo Verde, na sua infância.

"Via-o na televisão e tentava imitar cada gesto, cada toque. E era rápido como ele. Fintava os outros rapazes na rua, driblava pedras e até vasos de barro", disse.

Aos oito anos mudou-se com a família para Portugal, em busca de uma vida melhor. Começou a fazer fintas nos parques da Amadora, mas deu nas vistas pela velocidade.

"Corria muito e um dia desafiaram-me a experimentar o atletismo. Fiz corridas de fundo e meio fundo. Como tinha uma resistência invulgar para a minha idade, queriam que treinasse para maratonas", afirmou.

Durou poucos dias a aventura nas pistas, porque um amigo levou-o ao Futebol Benfica, onde começou a jogar. Ficou lá até aos 16 anos, com uma pausa pelo meio: "Tentei ir para o futsal. Convenceram-me que lá é que seria craque".

Como o Fofó não o libertou, regressou aos relvados e o Sporting contratou-o.

"Confesso que, até entrar para a Academia, não tinha bem a noção do que era capaz no futebol e estava longe de imaginar que representaria a seleção portuguesa", admitiu.

A estreia com a “camisola das quinas” aconteceu no escalão Sub-18, num torneio particular. Agora vai com os Sub-19 a uma fase final do Europeu e, no regresso, integrará a equipa B dos leões: "Tem sido gira a minha vida. Espero que tudo corra bem".

A seleção nacional de Sub-19 está a realizar um estágio antes da partida para a Hungria, realizando sessões de treino diárias no estádio do Jamor. A fase final do Euro Sub-19 disputa-se em Felcsút, perto de Budapeste, entre 19 e 31 de julho, e Portugal integra o grupo A, juntamente com Israel, a Áustria e a Hungria, seleção anfitriã.