O selecionador nacional de futebol de sub-21 mostrou-se hoje despreocupado com a desconcentração defensiva de Portugal frente à Itália, na véspera de encarar a Espanha nas meias-finais do Campeonato da Europa de categoria.
“Analisámos o que aconteceu e é evidente que existem pequenos erros, mas não é uma coisa que me preocupa em demasia. De uns jogos para os outros, não temos tempo de treinar, mas apenas para recuperar. Analisamos vídeos, explicamos algumas coisas estratégicas e depois confiamos na inteligência e concentração dos atletas para que se possa ter um bom desempenho”, referiu Rui Jorge, em videoconferência de imprensa.
Portugal encara a pentacampeã e detentora do título Espanha (1986, 1998, 2011, 2013 e 2019) na quinta-feira, às 18:00 (17:00 em Lisboa), no Estádio Ljudski vrt, em Maribor, na Eslovénia, três dias após a vitória sobre a Itália nos ‘quartos’ (5-3, após prolongamento).
“Estou muito expectante. Claro que será uma equipa a dificultar-nos muito a distribuição de bola, mas vamos lutar muito. Olhando para o passado das duas seleções, vemos os números e reparamos que são sistematicamente dominantes na posse. Alguém terá de levar a melhor nesse sentido, não sendo aquilo que mais nos preocupa. Quando tivermos a bola, nem que seja numa percentagem menor, teremos que ser fortes”, considerou.
Além das “dificuldades inerentes” nesta fase e dos “muitos perigos” associados a um “tremendo oponente”, assentes na “qualidade de jogo de executantes excelentes”, Rui Jorge lembrou o registo quase imaculado da ‘rojita’ desde o arranque da qualificação.
“Sofreram agora de penálti com a Croácia [vitória por 2-1, após prolongamento, nos ‘quartos’] e o último também tinha sido assim [empate 1-1 com Israel, em novembro de 2019]. Por outro lado, temos marcado em todos os jogos desde 2016. A nossa forma de jogar e a qualidade dos nossos jogadores a isso nos leva. Vai ser interessante perceber como as equipas se vão encontrar e bater num jogo com certeza bom de ver”, apontou.
O selecionador português recusou maior pressão por parte da Espanha, que disputou quatro finais nas últimas cinco edições e à qual “não é fácil encontrar fraquezas”, até por evidenciar, além do registo defensivo, “uma média de dois golos marcados por jogo”.
“Não consigo dizer um jogador que me faça olhar de forma diferente. Têm muitos atletas de muita qualidade, a exemplo da nossa equipa, pelo que não consigo individualizar num só o perigo que possa vir. São todos muito bons e jogam a excelente nível. Valem pelo coletivo e não encontramos zonas em que sejam particularmente vulneráveis”, avaliou.
Os dois rivais ibéricos chegam às meias-finais na ‘ressaca’ de prolongamentos, mas Rui Jorge acredita que ambos “equiparam-se a esse nível” e respondem ao desgaste físico acumulado durante a época com alta motivação para alcançarem a final do Europeu.
“Na fase final de 2017, um jornalista disse que não sabia o que iria acontecer, mas sabia que ia gostar de ver. Acho que se repete um bocadinho isso este ano. Não sei o que vai acontecer, mas tenho a certeza de que será um jogo fantástico entre jogadores que irão ser dos melhores ao nível europeu”, vincou o técnico, sem qualquer baixa nas opções.
Admitindo a possibilidade de incluir Tiago Tomás no ataque, o treinador explicou que o médio Daniel Bragança saiu durante o duelo com a Itália por causa de um “ligeiro toque”, estando a sua condição física a ser monitorizada até ao dia do embate com a Espanha.
“O grupo está muito bem animicamente e a recuperar do grande esforço nesta fase da época, na qual há jogos de grande intensidade. Têm de desfrutar por estarem numas meias-finais, estando eventualmente ansiosos que esse momento chegue”, partilhou.
Rui Jorge frisou que Portugal tem desfrutado do percurso na Eslovénia, onde “já ganhou muita coisa, teve de passar provas muito importantes e os atletas somaram experiência”, tendo “feito ver ao grupo a dificuldade que é chegar os quatro melhores neste escalão”.
“Não costumo entrar no balneário e há coisas que eles não dizem à minha frente, mas valorizam imenso terem chegado até aqui. Obviamente, queremos chegar a um patamar mais acima, mas, se não conseguirmos e tivermos dado o nosso melhor, não teremos nada a lamentar. No final do jogo, quero poder dar os parabéns aos meus jogadores pelo que fizeram em campo. O resultado será sempre uma consequência disso”, finalizou.
Finalista vencido em 1994 e 2015 e ausente da edição de 2019, Portugal procura um inédito título à oitava presença na fase final de um Europeu de sub-21, que integra pela primeira vez 16 equipas e tem decorrido na Hungria e Eslovénia num formato desfasado, devido ao adiamento para este ano do Euro2020, motivado pela pandemia de covid-19.
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