O ano de 2024 foi ano de Campeonato da Europa de Futebol. Jogou-se na Alemanha e Portugal partia com expetativas elevadas, sobretudo depois de uma campanha de apuramento imaculada.
Porém, acabou por ficar bem longe de encantar, mostrando um futebol que não convenceu. Acabou por cair nos quartos de final, aos pés da velha conhecida França, no desempate por penáltis.
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Apuramento imaculado (e demasiado fácil) deu em desilusão
Com Roberto Martínez ao leme, Portugal tinha somado 10 vitórias em 10 jogos na fase de apuramento, num grupo onde - contudo - não teve pela frente nenhum adversário de renome. O técnico espanhol ainda somou mais uma vitória, chegando às 11 nos 11 primeiros jogos como selecionador de Portugal, antes de perder com a Eslovénia num amigável, em março.
E o mais complicado dos ensaios para a fase final do EURO 2024, já em junho, também não correu bem, com Portugal a perder no Jamor com a Croácia, num desaire que levantou desde logo algumas dúvidas em relação ao que esperar do desempenho da Equipa das Quinas.
O primeiro jogo na fase final foi com a Chéquia. E, apesar de Portugal até ter acabado por ganhar, por 2-1, a exibição esteve longe de ser deslumbrante. A seleção nacional dominou, mas pouco perigo criou e viu-se mesmo a perder. Empatou com um autogolo e acabou por chegar ao triunfo apenas nos instantes finais, graças a um golo de Francisco Conceição, que havia saltado do banco pouco antes.
A suada vitória levantou muitas dúvidas sobre se Portugal era, de facto, um dos candidatos a conquistar a prova, mas seguiu-se uma vitória clara sobre a Turquia que acalmou os críticos. Bernardo Silva abriu o ativo e novo autogolo encaminhou em definitivo Portugal para uma vitória por 3-0, selada com um golo de Bruno Fernandes, a passe de Ronaldo, que se tornou no jogador com mais assistências de sempre em fases finais do EURO.
O apuramento para os oitavos de final estava garantido, mas ao terceiro jogo uma derrota inesperada com a Geórgia voltou a dar aso a dúvidas e críticas. Roberto Martínez rodou a equipa e Portugal perdeu por 2-0. Nos 'oitavos' o adversário foi a Eslovénia (a tal que havia imposto a primeira derrota a Martínez) e a exibição voltou a ser cinzenta. Poucas ocasiões de golo criadas, um penálti falhado por Ronaldo (na memória ficaram as lágrima de CR7), um valente susto onde valeu Diogo Costa e o triunfo a chegar apenas no desempate por penáltis, onde o guarda-redes luso foi herói.
O adeus viria a acontecer na ronda seguinte, em mais um duelo com a França, que voltou a ser 'besta negra'. Portugal até realizou uma das suas melhores atuações na prova, mas não marcou e o jogo seguiu para mais um desempate por penáltis do qual, desta feita, a Equipa das Quinas acabou por sair derrotada, com João Félix a ser o único a falhar. Portugal regressava a casa debaixo de muitas críticas e com Ronaldo 'em branco'.
Espanha, a justa campeã
Se Portugal desiludiu, a Espanha espalhou classe desde o início. Começou com um triunfo claro, por 3-0, sobre a Croácia, desde logo com o jovem Lamine Yamal a dar nas vistas, apesar de ficar em branco. Nova grande exibição da 'La Roja' no segundo jogo resultou numa vitória por 1-0 sobre a Itália que só pecou por escassa, muito por culpa de uma grande exibição de Gigi Donnaruma na baliza transalpina.
Espanha fechou o grupo com novo triunfo, ao bater a Albânia, e foi a única seleção a passar aos oitavos de final com três vitórias em três jogos. Aí, nos 'oitavos', Espanha até começou por se ver em desvantagem ante a Geórgia, mas virou por completo o marcador e acabou por seguir em frente com um triunfo por 4-1.
Nos quartos de final, Espanha sentiu, enfim, dificuldades. Ante a anfitriã Alemanha os espanhóis viram os germânicos levarem a decisão para prolongamento com um golo aos 89 minutos e no tempo extra a seleção da casa ameaçou a cambalhota no marcador e ficou a reclamar a não marcação de uma grande penalidade. Até que, a um minuto do fim do prolongamento, Yamal assistiu Mikel Merino para o 2-1, num golo com um significado especial, marcado no mesmo estádio onde o seu pai também tinha marcado, muitos anos antes.
Nas meias-finais, Espanha cruzou-se com a França e foram os gauleses que marcaram primeiro, mas os espanhóis depressa vincaram a sua superioridade e qualidade, dando a volta ao marcador, com Yamal a fazer um golaço para empatar (tornando-se no mais jovem jogador de sempre a marcar em fases finais do EURO) e Dani Olmo a marcar logo a seguir, colocando a equipa de Luis De La Fuente na final.
A final foi frente à Inglaterra, que tinha sido finalista vencida no EURO 2020. E Espanha voltou a vincar a sua superioridade. Yamal fez mais uma assistência, para Nico Williams (outra das revelações do torneio) abrir o ativo. A Inglaterra ainda empatou, mas Mikel Oyarzabal fez o 2-1 final a quatro minutos dos 90 e ofereceu à Espanha o seu quarto título europeu, depois de 1964, 2008 e 2012.
Yamal foi eleito o melhor jogador jovem da competição, enquanto o médio Rodri foi eleito melhor jogador de uma prova onde a Espanha mostrou, inequivocamente, uma qualidade mais elevado do que toda a concorrência.
Um EURO de muitos autogolos, poucos goleadores e alguns recordes
Quanto ao troféu de melhor marcador, também foi espanhol: Dani Olmo acabou em igualdade de golos com outros cinco jogadores, mas destacou-se pelas duas assistências. Tal como Olmo, Cody Gakpo (Países Baixos), Georges Mikautadze (Geórgia), Harry Kane (Inglaterra), Jamal Musiala (Alemanha) e Ivan Schranz (Eslováquia) também marcaram...três golos.
Sim, o melhor marcador do EURO 2024 só marcou três golos no torneio. Um número que ilustra que golos foi coisa que golos foi coisa que não abundou nos estádios alemães que acolheram a prova. Aliás, na prática o 'melhor marcador' foi mesmo o autogolo: foram 10, ao todo. A média de golos por jogo foi de 2,29, bem abaixo dos 2.78 da edição anterior.
Destaque, a nível de golos, só para os golos madrugadores: o tempo médio para chegar o primeiro golo caiu cerca de 11 minutos em relação ao torneio de 2016, o que não é surpreendente, já que quatro dos seis golos mais rápidos da história do EURO - incluindo o mais rápido de sempre, assinado por Nedim Bajrami pela Albânia frente à Itália ao fim de apenas 24(!) segundos de jogo - aconteceram nesta fase final do EURO 2024.
Houve, ainda assim, mais alguns recordes a destacar: Lamine Yamal tornou-se no mais novo de sempre a jogar e a marcar na história dos Europeus, Arda Guler bateu um recorde de Ronaldo, sendo agora o mais novo de sempre a fazer um golo no jogo de estreia num Campeonato da Europa, Luka Modric, aos 38 anos de idade, por seu lado, passou a ser o mais velho que a marcar.
E foi (só) isso. A Espanha fez, merecidamente, a festa no fim e em 2028, no Reino Unido e a República da Irlanda, há mais. Espera-se que com um melhor desempenho por parte de Portugal.
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