As acusações de Karim Benzema de que o selecionador de futebol de França cedeu “à pressão de um partido político racista” para não o convocar para o Euro2016 criaram uma onda de indignação na esfera desportiva e politica gaulesa.

O diretor-geral da Liga francesa de futebol, Didier Quillot, manifestou em conferência de imprensa a sua “total solidariedade” para com o selecionador Didier Deschamps e recordou que “as razões da ausência de Benzema já foram explicadas”.

Em declarações à comunicação social, o presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Noël Le Graët, considerou a conduta de Didier Deschamps “irrepreensível” e, na sua opinião, o jogador (Karim Benzema) “deixou-se levar”.

“Eu entendo a deceção de Benzema, mas sob nenhuma circunstância posso aceitar as suas declarações sobre as decisões desportivas tomadas por Didier Deschamps nem acerca da sua personalidade”, afirmou o ministro do Desporto francês, Patrick Kanner.

Benzema, de origem argelina, considera que o selecionador de França o excluiu da lista de convocados, tal como Hatem Ben Arfa, também de origem magrebina, por ter cedido “à pressão de um partido político racista”, em referência ao partido de extrema-direita Frente Nacional.

Em entrevista ao diário desportivo espanhol Marca, o colega de Cristiano Ronald no Real Madrid não acredita que ficou fora da lista dos eleitos de Deschamps por estar envolvido num processo judicial de chantagem ao seu colega na seleção Mathieu Valbuena.

“Legalmente, sou inocente até provarem que sou culpado. Deviam ter esperado que o sistema judicial tomasse as suas decisões”, disse ao jornal o melhor marcador em atividade dos ‘bleus’ (27 golos).

O ministro do Desporto francês apelou à calma e pediu para que todos os franceses se concentrassem apenas na competição, que começa a 10 de junho em Paris, e no apoio à seleção gaulesa, deixando de alimentar este (não) caso.

Benoit Hamon, do Partido Socialista, disse à estação de rádio Europe 1 que Benzema “está certo ao dizer que o racismo está a crescer em Franca”, mas insistiu que “não há nenhuma evidência de o selecionador Didier Deschamps ser racista”.

François Fillon, que foi primeiro-ministro durante cinco anos, entre 2007 e 2012, rejeitou as insinuações de Karim Benzema, considerando inadmissível que o jogador esteja a levantar problemas relacionados com raça, religião e etnia.