De Lisboa a Kharkiv são mais de 4.600 quilómetros de distância, mas no caso de Rui Vieira são muitos mais, com passagem pela Moldávia e Bielorrússia, sempre com o mesmo porto de chegada: Portugal.
Perdido entre a massa laranja que invadiu a Fan Zone de Kharvik, onde Portugal defronta hoje a Holanda, o lisboeta contou à agência Lusa que viajou para a Ucrânia na sexta-feira da semana passada, ou seja, a 08 de junho, dia de arranque do Euro2012 de futebol, para ver os três jogos da seleção portuguesa.
A jornada aventureira começou numa viagem de avião até Kiev, uma seguinte até Lviv, palco do primeiro e segundo jogos da seleção portuguesa no Campeonato da Europa, e prosseguiu para lá de território ucraniano, de comboio, autocarro e carro.
«Aproveitei para viajar noutros países aqui à volta. Fui à Moldávia, à Bielorrússia, de onde acabei de chegar», enumerou o viajante solitário.
Sempre sem companhia, exceto nos dias de jogo, em que revê amigos do seu país, Rui Vieira acompanha a seleção desde 2000, ano em que Portugal foi eliminado na meia-final do Europeu pela França, juntando o útil (o apoio à equipa das “quinas”) ao agradável (novas descobertas).
«É complicado viajar sozinho, mas quem corre por gosto não cansa e eu como gosto de conhecer o mundo e gosto de conhecer todos os países…», reconheceu.
Na incursão pela Europa de Leste, o lisboeta de 39 anos já fez cerca de 2.000 quilómetros de autocarro e carro, de comboio mais uns 1.500 e de avião não sabe dizer. E, ao contrário do que esperava, não encontrou grandes dificuldades.
«Estou a gostar muito da Ucrânia, as pessoas são simpáticas. Acho que [este Euro] não está mau para as condições da Ucrânia. Eles têm muitos voluntários que ajudam sempre nos pontos fulcrais, muita gente que, apesar de não falar inglês, desenrasca. Não se pode dizer nada da organização. Estava com algum receio nas estradas, mas a estrada de Kiev para Kharkiv é autoestrada e faz-se bem», explicou, garantindo nada ter a apontar às condições de segurança.
Rui Vieira não esteve na Polónia, nem vai estar porque a sua aventura na Ucrânia acaba segunda-feira, independentemente do resultado de Portugal, mas acredita que, a nível das infraestruturas, o outro organizador esteja «um bocadinho melhor».
O adepto português só voltará caso Portugal chegue à final, uma meta em que não acredita muito.
O porquê da descrença é simples: «Eu acho que nestes eventos não se pode falhar como nós falhamos. As oportunidades são poucas e nos não podemos desperdiçá-las. O Cristiano é prova disso no último jogo. Podia ter corrido mal e estarmos aqui hoje já desiludidíssimos, sem chances nenhumas de passar».
Rui Vieira acha que a equipa das “quinas” não está a jogar um mau futebol, só que está a repetir um problema que arrasta há muitos anos: a finalização.
Ainda assim, admite que não vai sair desiludido deste Europeu, ao contrário do que aconteceu noutra ocasião, o Mundial2002.
«Na Coreia senti-me demasiado desiludido. Estive lá 23 dias, gastei uma fortuna e a seleção jogou daquela forma. A partir daí comecei a ficar um pouco desiludido, mas sim acho que vale a pena cometer loucuras por Portugal», concluiu.
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