Peter Boleslaw Schmeichel nasceu em 1963, na cidade de Gladsaxe, na Dinamarca. Filho de uma enfermeira dinamarquesa e de um músico de jazz polaco, viria a tornar-se numa autêntica lenda do futebol europeu e mundial, amplamente reconhecido como um dos maiores guarda-redes da história do futebol.
Antes de se tornar futebolista profissional, Schmeichel chegou a trabalhar numa fábrica de tecidos, a fazer limpezas num lar de idosos e a trabalhar num escritório da WWF (World Wildlife Fund). Começou a jogar com oito anos, na equipa local do Høje-Gladsaxe, mudando-se quatro anos mais tarde para o Gladsaxe-Hero, onde se estreou como sénior, pouco antes de fazer 18 anos, então na terceira divisão dinamarquesa. Curiosamente, O treinador que o lançou acabaria, mais tarde, por vir a ser seu sogro.
Aos poucos, as suas exibições começaram a despertar as atenções das principais equipas do país, rumando ao Brøndby em 1987, onde jogou ao lado de, entre outros, os irmãos Brian e Michael Laudrup, ganhando quatro vezes o campeonato nacional. Não tardou a chegar à seleção principal do seu país, integrando a convocatória para o Campeonato da Europa de 1988.
Estreia em Europeus, reconhecimento internacional e ida para Manchester
O primeiro jogo pela seleção da Dinamarca foi em maio de 1988, um mês antes do arranque do EURO'88, cuja fase final foi jogada na República Federal da Alemanha. Schmeichel começou por ser suplente, mas foi depois titular nas duas jornadas seguintes, diante de Alemanha e Itália. A Dinamarca, porém, despediu-se com três derrotas e o desempenho de Schmeichel passou despercebido.
Só que o reconhecimento internacional não tardou. Na Taça UEFA de 1990/91 o Brøndby ficou perto da final e Schmeichel deu nas vistas, defendendo por exemplo duas grandes penalidades frente ao Torpedo de Moscovo. O suficiente para convencer o Manchester United a avançar para a sua contratação, por qualquer coisa como 750 mil euros.
Glória em Old Trafford e no EURO'92
No United viria a glória definitiva. Mas não foi com os Red Devils que conquistou o seu primeiro grande troféu. Isso aconteceu, contra todas as expetativas, no EURO'92, na Suécia. A história é por demais conhecida: a Dinamarca nem se tinha apurado para a fase final, mas a Jugoslávia foi excluída devido à guerra e os dinamarqueses (que, diz-se, já estavam de férias na praia) foram convidados a participar. E surpreenderam tudo e todos.
Com Schmeichel a brilhar na baliza, começaram por empatar 0-0 com a Inglaterra. Perderam, depois, 1-0 com a anfitriã Suécia, mas garantiram a passagem às meias-finais com um triunfo por 2-1 sobre a França, numa exibição memorável de Schmeichel. Nas meias-finais o triunfo foi nos penáltis, frente aos Países Baixos, detentores do troféu, com o gigante dinamarquês e defender a grande penalidade de Van Basten. A final foi contra a Alemanha e Schmeichel voltou a brilhar a grande altura, com a Dinamarca a vencer por 2-0 e a sagrar-se campeã.
Regressou então a Manchester como campeão da Europa e os títulos começaram a suceder-se igualmente no United: 5 Ligas inglesas, 3 Taças de Inglaterra, 4 Supertaças, muitas defesas memoráveis e, claro, a Liga dos Campeões, no mítico triunfo nos descontos ante o Bayern em 1999. Pelo meio, nova presença na fase final de um EURO, em 1996, precisamente em solo inglês, onde a Dinamarca, a defender o título, se ficou pela fase de grupos (empatando na estreia 1-1 com Portugal, antes de se ver goleada por 3-0 pela Croácia e aplicar o mesmo resultado, em vão, à Turquia). Schmeichel foi titular nos três encontros.
Título em Portugal a fechar carreira brilhante
Conquistada a Champions no United, Schmeichel rumou, com alguma surpresa, a Portugal para representar o Sporting. E de leão ao peito iria fazer mais história, ajudando o emblema de Alvalade a sagrar-se campeão 18 anos depois, logo na sua primeira temporada no clube verde e branco.
No Sporting conquistaria ainda uma Supertaça, com a sua quarta e última presença em fases finais de Campeonatos da Europa pelo meio. NO EURO 2000, com uma prestação para esquecer. Schmeichel voltou a ser titular nos três encontros da fase de grupos, mas sofreu oito golos e a Dinamarca não marcou nenhum, despedindo-se com três derrotas.
Depois de sair do Sporting, em 2001, já com 38 anos, voltou a Inglaterra para mais duas temporadas: a primeira no Aston Villa, antes de se retirar...no Manchester City. Deixou os relvados em 2003, aos 40 anos, mas o seu nome ficará para sempre como um dos melhores da história dos Campeonatos da Europa e do futebol mundial.
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