Deambular pelas ruas da cidade que é dividida pelo Danúbio faz parte da rotina diária de quem está em trabalho por estes dias em Budapeste. Uma conversa rotineira chega logo ao pequeno-almoço e atira-se sem rodeios: 'Então hoje onde é que almoçamos?' O dia seria longo, jogava Portugal e era preciso arranjar um restaurante com sabores familiares.
Baixa-se os olhos e em apenas uns segundos descobrimos o que procuramos ou talvez não...Bendito 'maps'. A caminhada é curta, o calor é intenso...Temperatura perto dos 30 graus. Na Victor Hugo Utca (Utca é rua em húngaro) pouco se sente o 'cheiro' do Euro, ainda por cima no dia em que a seleção anfitriã se estreava frente ao campeão europeu. A Puskas Arena está a seis quilómetros de distância. A Praça dos Heróis, outra da zonas mais emblemáticas da cidade, está a quatro quilómetros. No entanto, nada parece fazer parar a rotina dos húngaros, pelo menos nesta zona da cidade.
Nesse pequeno canto em Budapeste, no restaurante 'O Picante', somos recebidos pelo dono Atiila Zsigmond - ainda bem que a reportagem é escrita... dado o nome impronunciável. Mal entramos, a ninguém passam despercebidos os adereços portugueses. Um cachecol do Benfica, do FC Porto e do Sporting, uma referência a Eusébio da Silva Ferreira e o tradicional galo de Barcelos. E claro está pratos portugueses? Sim? Nem por isso. Apenas uma refeição do menu é portuguesa. 'Amanhã é francesinha', informa-nos Viktor com um sorriso.
Afinal descobrimos que o restaurante 'O Picante' tem pouco ou nada de culinária portuguesa. A explicação é simples: Os antigos donos, a portuguesa Maria João Paula e o marido Gregor, irmão de Viktor e os filhos decidiram ir viver para Portugal e perdeu-se quase na totalidade a essência desse cantinho português. "Foram viver para a zona da costa, não sei bem onde", explica-nos o proprietário.
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Na conversa de ocasião puxamos naturalmente pelo futebol e para o embate entre Portugal e a Hungria, que se jogava nesse dia. Mas nem todos estão atentos ao fenómeno futebolístico. Atiro a pergunta: "Então onde é que vai ver o jogo?". 'Ainda não sei. É amanhã o jogo não é?', interroga-nos o dono. Achei então que era melhor mudar o tópico. Era hora da refeição e acabámos por optar por uns bifes panados com arroz. A sobremesa foi oferta da casa, uma espécie de tarte de chocolate. Veio mesmo a calhar, até porque era necessário repor os níveis de açúcar para se enfrentar um dia que seria extenso. A conversa já estava longa, era hora de partir para a Puskas Arena.
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