A treinadora Paula Pinho, que orienta as séniores do Clube de Albergaria e coordena o futebol de formação do clube, disse esta sexta-feira que a distinção que recebeu da UEFA é “um reconhecimento do trabalho” que tem feito.

“É um reconhecimento das mais altas instâncias do futebol pelo trabalho que nós temos desenvolvido, neste caso em concreto nas equipas femininas e na formação de jogadores”, apontou, à agência Lusa, a técnica de 46 anos, que confessa que foi “apanhada completamente de surpresa” pelo prémio.

Depois da Associação de Futebol de Aveiro ter submetido uma candidatura junto da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o organismo nacional submeteu a mesma à UEFA, que distinguiu Paula Pinho com o grau bronze na categoria de ‘Melhores líderes Grassroots’, prémio que distingue o trabalho levado a cabo no futebol amador e de formação.

Segundo o organismo de cúpula do futebol europeu, Paula Pinho recebeu a distinção, que incluiu “um diploma e 100 bolas de futebol para o Albergaria”, pelo “trabalho como coordenadora do futebol feminino num clube que providencia excelentes oportunidades para raparigas jogarem futebol”.

“O futebol feminino, no clube, já existe há 30 anos, na equipa sénior, e depois crescendo e desenvolvendo na formação, sendo que somos o segundo clube do país com mais longa prática ininterrupta da modalidade, e essa sustentabilidade é o clube que dá, o que permite que estes resultados apareçam”, apontou.

A treinadora, que admite fazer “um bocadinho de tudo” no clube que milita na I Liga de futebol feminino e tem ainda quatro escalões jovens de futebol feminino, elogiou ainda o emblema aveirense, “o principal responsável no meio disto tudo”, por proporcionar as “condições adequadas”.

Paula Pinho passou toda a carreira no futebol no emblema de Albergaria-a-Velha, ao qual está ligada “desde os 15 anos, como jogadora, e depois como treinadora desde os 32”, quando 'pendurou as chuteiras'.

“O meu percurso confunde-se com o do futebol feminino no Clube de Albergaria, como jogadora e depois como treinadora e na formação”, confessou a aveirense, antiga internacional portuguesa, que ficou atrás do alemão Ralf Klohr, e Senik Arakelyan, da Arménia, premiado com o grau ouro.

A distinção “vai muito além do material (as 100 bolas de futebol), pelo significado e o que envolve e representa”, confessou, até porque dá motivação para “tentar dar um passo em frente, para que a diferença não seja tão grande” em relação às equipas séniores na I Liga, num caminho que tem de continuar a passar pelo futebol de formação.

“Face às nossas limitações, sabemos que temos de apostar muito na formação, porque não temos outras possibilidades, o clube passa por aí”, afirmou.

Em 2016/17, o Albergaria teve uma equipa sub-12 de raparigas a competir no campeonato distrital masculino, a única equipa feminina, e a continuidade do projeto, contra os “muitos projetos de futebol feminino que acabam por ser efémeros”, é essencial para o crescimento.

A estrutura “bastante forte e sólida” e a “sustentabilidade e estabilidade de condições de trabalho” permite ao clube competir com Sporting e Sporting de Braga, equipas que entraram em 2016/17 no futebol feminino com equipas profissionais, com as lisboetas a sagrarem-se campeãs nacionais e as minhotas vice-campeãs.

Na primeira jornada do campeonato 2017/18, o Albergaria perdeu em casa por 4-0 frente ao Sporting. Na temporada transata, terminou a competição no sexto lugar, com 39 pontos em 26 jornadas.