Aitana Bonmatí criticou a gestão do futebol feminino em Espanha, considerando que apesar da seleção espanhola ter conquistado o Campeonato do Mundo em 2023, ainda existem muitas carências estruturais que não estão ao nível do que as jogadoras provaram merecer e que atrasa a evolução de ambas as partes.

"Infelizmente não posso dizer que tenha mudado muita coisa. Temos o exemplo da Inglaterra quando ganharam o Campeonato da Europa em 2022. Assistimos a uma grande mudança após este sucesso, houve repercussões, investimentos no campeonato, os estádios estão sempre cheios quando Inglaterra joga. Não posso dizer que aqui seja a mesma coisa. Ainda há muito para fazer e sinto que o Campeonato do Mundo foi em vão", lamentou Bonmatí.

A futebolista do Barcelona considerou, em entrevista ao 'L'Équipe' que o sucesso desportivo recente não chega para promover o futebol feminino no país, defendendo que é necessário criar medidas para atrair investimento e cativar os adeptos no sentido da promoção adequada dos eventos desportivos da modalidade.

"Tudo começa por resolver fazer as coisas corretamente. É preciso promover bem os jogos, querer organizá-los nos locais certos, não mudar o estádio uma semana antes do jogo, porque isso torna as coisas muito mais complicadas para os adeptos, e também promover a liga", ressalvou.

Bonmatí comentou ainda o polémico episódio que se passou durante a Final Four da Liga das Nações feminina, quando a Federação Espanhola foi obrigada a alterar o local do jogo com a Holanda, duas semanas antes do encontro, já com bilhetes vendidos, para o Estádio de La Cartuja, em Sevilha, porque o Cádiz se recusou a ceder o campo.

"O país, em geral, não está ao nível que merecemos. Vimos isso durante a Final Four. Era suposto jogarmos em Cádiz e acabamos por jogar em La Cartuja. Isso nunca aconteceria com a equipa masculina. Temos de prestar atenção a este tipo de pormenores. Quando fazemos as coisas bem, as pessoas respondem".

A vencedora da Bola de Ouro de 2023 acredita que é importante manter a perseverança na luta pelos direitos das jogadoras para conquistar mais oportunidades para as gerações futuras. "Estamos a lutar para que a próxima geração tenha um futuro melhor. As raparigas de hoje terão muito mais oportunidades, porque nós derrubámos muitas barreiras e abrimos muitas portas", finalizou Aitana Bonmatí.

Recorde-se que a seleção feminina espanhola defronta a França, na final da Liga das Nações feminina, quarta-feira às 18 horas, depois de ter vencido a Holanda por 3-0 nas meias-finais e ter carimbado a presença nos Jogos Olímpicos de 2024.