Falta de diversidade. Esta era uma das principais críticas apontadas à Liga de futebol feminino de Inglaterra nos últimos anos. No entanto, a Federação de Futebol de Inglaterra está a lutar para corrigir essa lacuna, após um relatório publicado no início do ano que recomendava aumentar a diversidade em campo e fora dele.

Jonas Eidevall, treinadora do Arsenal, queixou-se da falta de diversidade no plantel, após críticas à foto da equipa, em outubro, por só ter jogadoras brancas. A selecionadora inglesa Sarina Wiegman também falou do tema em fevereiro, expressando o seu desejo de a base de recrutamento representar mais a diversidade da comunidade.

Em 2021, estimava-se que a presença de asiáticos, negros ou outras minorias na Super liga feminina de Inglaterra (Women's Super League) estava entre os 10 a 15 por cento. Foi a partir destes dados que a antiga internacional inglesa Fern Whelan, a primeira mulher a assumir a pasta da igualdade na Associação de Futebolistas, se reuniu com a Liga de Futebol feminina para que permitissem que raparigas de bairros desfavorecidos pudessem treinar nos clubes da Liga.

O Aston Villa foi dos clubes que mais abraçou a ideia. No seu centro de treinos em Birmingham, foi dada a 60 raparigas a oportunidade de mostrarem o seu talento, sob supervisão de estrelas da equipa principal como Ebony Salmon, internacional inglesa, com raízes na Jamaica (o pai é jamaicano), e Mayumi 'Maz' Pacheco, também ela internacional por Inglaterra com origens nas Filipinas.

"Não havia muitas jogadoras negras a jogar quando eu era criança. É importante que as miúdas vejam isso, que vejam pessoas como elas, que as inspiram, que queiram ser como elas", recorda Salmon, em declarações à 'BBC Sport'.

O Arsenal tem vindo a trabalhar com um programa de mentoria da Associação de Futebol do Reino Unido dirigido a jogadoras de origem asiática, entre os nove e os 16 anos. O Aston Villa será o próximo clube a liderar esse programa de mentoria.

O futebol inglês feminino tem-se centrado nas academias para promover a diversidade. Mayumi 'Maz' Pacheco, que dirige uma academia de futebol, acredita que o crescimento do futebol feminino fará com que as academias tenham cada vez mais importância no recrutamento de atletas.

Para Whelan, o foco nas escolas de futebol, centrando-se muito nas comunidades de minorias étnicas, ajudará ainda mais o futebol feminino a promover a diversidade, numa era de dificuldades com o futebol mais virado para o negócio.

"O futebol foi profissionalizado, não há muitos acessos para as miúdas que queiram jogar. Ter programas como esta do Aston Villa irá ajudar a atrair diferentes tipos de jogadoras e isso ajudará a aumentar a diversidade no futebol feminino", finalizou.