O Famalicão suspendeu hoje o diretor desportivo do futebol feminino, Samuel Costa, na sequência do processo que lhe foi instaurado pela Federação Portuguesa de Futebol, por denúncia, no seguimento do caso do alegado assédio sexual do treinador Miguel Afonso.
“O Futebol Clube Famalicão vem comunicar a suspensão de funções por mútuo acordo e com efeitos imediatos, do diretor desportivo Samuel Costa até que a verdade dos factos relativos ao processo instaurado ao mesmo pela Federação Portuguesa de Futebol sejam apurados”, indica o clube, em comunicado.
Um dia depois de ter suspendido Miguel Afonso, também por “mútuo acordo e com efeitos imediatos”, o Famalicão decidiu aplicar a mesma medida a Samuel Costa, a quem o Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decidiu instaurar um processo disciplinar, por denúncia, disse à Lusa fonte do organismo, na sexta-feira.
“O FC Famalicão refere, uma vez mais, que censurará e não admitirá qualquer atitude de teor abusivo ou de desigualdade de género, fazendo tudo o que estiver ao seu alcance para erradicar tais comportamentos”, pode ler-se na nota.
O clube recorda que, desde a sua criação, “o projeto do futebol feminino foi sempre acarinhado e motivo de orgulho não só pelos resultados alcançados, mas, mais importante ainda, pelos valores em que assenta e pelas condições que sempre foram dadas às atletas para potenciar o seu máximo de rendimento desportivo”.
“Ainda que curto, este projeto congratula-se do caminho percorrido em prol do crescimento da modalidade de futebol feminino e da dignificação da mulher. Por isso mesmo, consideramos que as denúncias feitas ao diretor desportivo Samuel Costa e, anteriormente, ao treinador Miguel Afonso - que dizem respeito a alegados factos ocorridos antes do início de funções no clube - não devem ser, por qualquer forma, imputadas à instituição FC Famalicão”, defendem ainda os famalicenses.
Futebolistas que alinharam no Rio Ave em 2020/21 denunciaram, numa notícia publicada na quinta-feira pelo jornal Público, ações de assédio sexual do então treinador do clube de Vila do Conde, que atualmente estava no comando técnico do Famalicão.
Na sexta-feira, várias jogadoras treinadas por Miguel Afonso formalizaram, através do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), queixas por assédio sexual na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e na Polícia Judiciária (PJ), segundo confirmou à Lusa fonte sindical.
O SJPF foi contactado e, tendo recolhidos os elementos de prova, formalizou as participações, que, de acordo com a mesma fonte, não incluem apenas jogadoras do plantel do Rio Ave, mas também de outros clubes orientados pelo referido treinador.
Também na sexta-feira, o CD da FPF suspendeu preventivamente Miguel Afonso, a quem foi instaurado um processo disciplinar urgente, avançou à Lusa fonte oficial da federação.
A mesma fonte avançou igualmente que o organismo disciplinar da FPF também decidiu criar uma equipa especial para se dedicar com urgência à instauração dos processos criados na sequência de denúncias de assédio, constituída por membros do Conselho de Disciplina e da Comissão de Instrução Disciplinar da FPF.
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