É uma vertente verdadeiramente única, que só existe naturalmente no futebol feminino. O tema da maternidade para as jogadoras de futebol. Agora, a Fifpro, introduziu novas diretrizes para as futuras progenitoras, incluindo detalhes no que diz respeito ao regresso aos treinos e à alta competição.

Essas novas normas foram criadas conjuntamente com profissionais médicos e jurídicos e abrangem  três tópicos essenciais, e oferecem ainda aconselhamento às jogadoras, equipas de apoio e ajuda na regulação dos processos, de acordo com a BBC.

As diretrizes também ajudam os clubes a terem outro tipo de visão em relação à forma como gerenciam esta temática. Nomeadamente, qual serão os procedimentos após o treino, a recuperação e o regresso ao jogo.

As áreas abordadas incluem amamentação, higiene do sono, nutrição, saúde mental, tipos de parto, saúde pélvica e programas de exercícios. É algo que verdadeiramente vem responder às necessidades das jogadores, precisamente porque jogadoras de futebol já mães foram consultadas neste processo: Casos da ex-internacional pela Jamaica Cheyna Matthews, a campeã do mundo pelos EUA Crystal Dunn, a guardiã alemã Almuth Schult e a islandesa Sara Bjork Gunnarsdottir.

Sara Bjork Gunnarsdottir ganhou precisamente uma ação contra o seu antigo clube o Lyon, pelo facto do clube ter recusado pagar o seu salário de forma integral durante a gravidez.

De acordo com estudo da Fifpro, 75% das jogadoras revelaram que não sentiam que havia qualquer tipo de ajuda especializada por parte dos clubes para tratar deste assunto em específico.

Alexandra Gomez-Bruinewoud, consultora jurídica da FifPro, considera que a prioridade passa por defender as extensões de contrato automáticas de contrato para mulheres grávidas, em todos os clubes, uma medida que foi introduzida no AC Milan este mês. Em média, a duração de contrato de uma profissional de futebol é de apenas um ano.

Em declarações à BBC, a jamaicana Chayne Matthews, e mãe de três filhos, ressalvou a importância da introdução destas medidas. "É importante que hajam estas diretrizes, que mostrem que é possível ser mãe e jogadora de futebol". Isso ajudará as pessoas a perceber que se podem fazer as duas coisas", começou por dizer, prosseguindo.

"No início eu mantive o meu filho longe dos treinos, porque não queria ser vista como mãe, mas sim como profissional", referiu.

As novas regras servem para "aliviar o stress e a incerteza", embora não acredite que isso resolva tudo. Ainda assim, esta base acaba por ser "fundamental para as jogadoras em todo o mundo".

"A maior dúvida diz mesmo respeito aos treinos durante a gravidez. Quando tempo devemos esperar para regressar. Queremos ter uma ideia. E sempre foi a questão número 1", referiu.

Num relato, já de 2019, ao 'El País', Tamires, lateral brasileira, abordou as dificuldades com que se deparou ao ser mãe, sendo a única progenitora entre as 23 canarinhas chamadas na altura para o campeonato do mundo.

"Eu chorei por três dias seguidos. Achava que o futebol tinha acabado para mim", referiu. A craque Marta, que terminou recentemente a carreira, dizia em 2019 que só ponderava ser mãe quando terminar a carreira de futebolista, dizendo-se na altura "casada com o futebol".