O antigo presidente da FIFA, Joseph Blatter, sabia de um esquema em torno das transmissões dos Mundiais de 2010 e 2014 que lesava o organismo em milhões, refere um documento da polícia suíça divulgado hoje pela Associated Press.

Os relatórios mostram que a FIFA ‘perdoou’ uma dívida de 3,8 milhões de dólares (cerca de 3,5 milhões de euros) de um negócio com a TV do Caribe, assinado em 2005 pelo então presidente Joseph Blatter e pelo vice-presidente de longa data Jack Warner.

Os investigadores concluíram que Joseph Blatter, que viria a ser acusado de gestão danosa, mas que neste caso veria um processo criminal arquivado em 2015, teria agido mais no interesse do seu vice-presidente Jack Warner do que na FIFA.

A polícia suíça acredita que Joseph Blatter sabia em 2007 que Jack Warner havia violado - e se beneficiaria pessoalmente - de um acordo de direitos de transmissão dos Mundiais de 2010 e 2014, que foram vendidos a uma emissora da Jamaica.

Os detalhes do contrato original da FIFA foram revelados pelos órgãos de comunicação social suíços em setembro de 2015 e mostravam uma venda de 600 mil dólares (cerca de 554 mil euros) à União de Futebol do Caribe, controlada por Jack Warner.

Na altura, a FIFA defendeu-se afirmando que o contrato exigia que o órgão governamental do futebol obtivesse participação de 50 por cento nos lucros de qualquer acordo futuro de licenciamento. A revenda dos direitos foi avaliada em cerca de 15 milhões de dólares (cerca de 13,8 ME).

Mas a FIFA, ainda de acordo com as conclusões dos investigadores suíços no relatório de 491 páginas, não tentou arrecadar a verba a que tinha direito em agosto de 2010, nos 30 dias seguintes ao encerramento do Mundial, disputado na África do Sul.

Em 2011, a FIFA calculou que eram devidos quase 3,8 milhões de euros (cerca de 3,5 ME), depois de Jack Warner sair do futebol, após ter sido implicado em subornar eleitores do Caribe para se oporem a Joseph Blatter na eleição presidencial da FIFA daquele ano.

Joseph Blatter, de 84 anos, está proibido de exercer funções relacionadas com o futebol até outubro de 2021, e enfrenta um outro processo relacionado com o pagamento de dois milhões de dólares (cerca de 1,8 ME) ao ex-presidente da UEFA, Michel Platini.