A Académica, um dos representantes de Benguela no campeonato nacional da 1ª divisão (Girabola), carrega 47 anos repletos de história no futebol e, apesar dos altos e baixos, o emblema uniu uma cidade: o Lobito, e agora a província inteira, a par do emblemático 1º de Maio.

Em 1970, nascia na humilde aldeia da Tchilimba, 15 quilómetros do município do Ukuma, província do Huambo, a Académica da Tchilimba. Nessa altura, o sonho de Geraldo Terceiro Guiado, um entusiasta pelo futebol – atualmente presidente honorário - se transformava em realidade.

Sete anos depois, passaria a chamar-se Associação Académica do Lobito, com a mudança de berço do seu fundador, e foi com essa denominação que ascendeu ao 1º campeonato nacional angolano da primeira divisão (1979).

Curiosamente, o nome Académica foi inspirado na congénere de Coimbra (Portugal), isto depois de esta equipa portuguesa de futebol ter disputado um jogo na antiga vila da Catumbela, durante uma visita a Angola, em 1959.

Académica Petróleos Clube do Lobito, designação atual e oficial, saiu, porém, da fusão com o Grupo Desportivo da Sonangol, a 17 de Março de 1981.

Com o passar dos anos, o grémio foi crescendo e criando maior solidez na modalidade rainha: o futebol.

Tendo Luís Borges como presidente de direção, a Académica do Lobito é agora comandada tecnicamente pelo luso-angolano António Alegre.

O ponta-de-lança Jiresse, ido do Petro de Luanda, é a única contratação de “luxo” no plantel dos “académicos”, que aguardam mais quatro ou cinco reforços para a baliza, meio-campo e ataque, tendo em vista a presente época futebolística.

Em sentido inverso, as principais saídas foram sete, justamente entre os titulares da época passada. O médio-pivot Higino, o médio ala direito Nelito, o trinco Lourenço e o ponta-de-lança Tchabalala desfalcaram os “lobitangas”.

Nesta época, e já com António Alegre como técnico principal, a Académica defronta na primeira jornada o Kabuscorp do Palanca, a 11 de Fevereiro, num duelo marcado para o “escaldante” Estádio do Buraco, seu reduto principal.

O amarelo e preto são as cores tradicionais dos lobitangas nos jogos oficiais, sendo que o oposto é utilizado como equipamento alternativo.

Em 1979, este emblema representativo do Lobito, uma cidade da província de Benguela, saía finalmente do anonimato para se tornar uma das principais sensações do futebol angolano, nos últimos anos.

O Nacional Clube de Benguela, um histórico também do futebol angolano - ainda “adormecido”, foi a equipa que viria a batizar os lobitangas na maior cimeira do futebol em Angola.

A Académica pode gabar-se da proeza alcançada em 1999. A excelente época valeu o título de vice-campeão nacional ao combinado, então treinador pelo angolano Carlos Queirós.

Em 2000, estreou-se na Taça dos Clubes Campeões Africanos, sendo afastada ainda na primeira eliminatória pelo “gigante” TP Mazembe do Congo Democrático.

Além desta distinção de futebol da 1ª divisão (1999), também acumula no seu palmarés o troféu de campeã nacional de futebol da 2ª divisão (2014), cinco cetros no Campeonato Provincial de Iniciados, 15 de Juvenis, 20 no Provincial de Juniores e dois outros nacionais de juvenis (Sub-17).

Mas nem sempre esta equipa obteve resultados fabulosos. Por exemplo, em 2009, sob uma crise financeira, o clube desceu de divisão na pior temporada de sempre, quando fez apenas nove pontos em 30 jogos. Era, porém, a 5ª vez que sofria despromoção no principal escalão do campeonato angolano de futebol.

Para a sobrevivência do emblema até aqui, vale o patrocínio da Sonangol, através da subsidiária norte-americana Esso Exploration, que canaliza um orçamento na medida das possibilidades, para custear as despesas correntes na equipa de futebol, como salários e transportação aérea em caso de jogos fora de casa.

César Caná faz, tal como Flávio Amado, Sayombo e Tchabalala, parte da galeria dos melhores que passaram pelo clube lobitanga, nos últimos anos, e que desfilaram classe nos campos de futebol de todo o país.

Sem margem para qualquer dúvida, César Caná, com pelo menos 70 golos apontados em 10 épocas ao serviço deste conjunto, destaca-se e lidera, ainda hoje, a lista de goleador na Académica.

A direção do clube corre contra o tempo para adquirir novos reforços para esta época.

A permanência na primeira divisão do futebol angolano constitui, desde logo, o maior objetivo da Académica do Lobito, que espera, no entanto, melhorar a 12ª posição de 2016. Ou seja, ficar entre o 10º e 8º posto.

O Girabola edição 2017 e a Taça de Angola são as duas únicas competições, nas quais os “académicos” estarão engajados, este ano.

Com o apoio direto de 2.575 sócios das mais diversas esferas socioprofissionais, e dezenas de milhares de adeptos espalhados por todo o país, é este o retrato da equipa em torno da qual o futebol uniu a província de Benguela para o Girabola 2017.