O presidente do conselho jurisdicional da Federação Angolana de Futebol (FAF), Sérgio Raimundo, disse hoje à Lusa desconhecer se os clubes suspensos ficaram livres das penalizações devido aos recursos apresentados.

O jurista disse que o seu departamento, até ao momento, não recebeu qualquer documento do conselho de disciplina, na sequência dos recursos apresentados pelos clubes, contrariando a imprensa angolana, que tem noticiado que os clubes estão livres da suspensão devido a esses mesmos recursos.

Sérgio Raimundo disse que quando o caso for encaminhado ao conselho jurisdicional a decisão final vai ser aplicada, sem qualquer orientação política, mas sim com base na lei, isto três dias depois de o presidente angolano, João Lourenço, considerar “muito grave” a suspensão aplicada pela FAF a clubes angolanos, por entender que a medida compromete o campeonato e o futebol angolanos.

Em causa está um áudio divulgado nas redes sociais no qual o jogador do Petro Márcio Luvambo confirma que o emblema que representa pagou três milhões de kwanzas à Académica do Lobito para vencer o 1.º de Agosto, em jogo da Taça de Angola da época passada.

A FAF suspendeu o Petro de Luanda, treinado pelo português Alexandre Santos, de toda atividade desportiva por dois anos, por alegado envolvimento dos bicampeões angolanos em esquemas de corrupção.

O castigo é aplicado pelo “não cumprimento do dever de colaboração a que está adstrito com a FAF, no âmbito do processo disciplinar instaurado”, lê-se num comunicado do organismo.

O Petro de Luanda venceu por 17 vezes o campeonato angolano de futebol, recorde do Girabola, incluindo as últimas duas edições, em ambas já sob o comando do português Alexandre Santos.

O órgão disciplinar na FAF puniu também o Kabuscorp do Palanca com a pena de descida de divisão, para o segundo escalão, também por corrupção, durante o apuramento para o Girabola, suspendendo o presidente do clube, Bento Kangamba, por quatro anos.

O treinador da Académica do Lobito, Agostinho Tramagal, foi castigado com quatro anos de suspensão, numa punição também por corrupção, após ter admitido a receção de um milhão de kwanzas.

Também o 1.º de Agosto foi multado, por inobservância dos seus deveres com a FAF.

O jornalista Adolfo Manuel, da Rádio Nacional de Angola, é também visado no comunicado da FAF, por ter intermediado o ato de corrupção envolvendo o Kabuscorp e a Académica do Lobito, tendo os autos sido remetidos para as entidades reguladoras da profissão e para a sua entidade patronal.

A medida obrigou ao cancelamento da abertura da época desportiva em Angola, com a disputa da Supertaça entre o Petro de Luanda e a Académica do Lobito, agendado para o início do mês em curso, assim como o início do Girabola, marcado para o dia 15 do mesmo mês.