O director-geral da Académica do Lobito, Duarte Esquerdinho, admitiu, esta quinta-feira, a possibilidade da equipa desistir do campeonato angolano de futebol da 1.ª divisão, época 2018/19, se a situação financeira não for solucionada até ao início da segunda volta do Girabola.

Falando à Angop a propósito da crise financeira que o clube enfrenta há quase um ano, Duarte Esquerdinho afirmou que a direcção admite desistir de participar do presente Girabola, caso a petrolífera Esso Angola, principal patrocinador, não disponibilize os apoios solicitados pela Académica, em Fevereiro de 2018.

Segundo o dirigente, sem esse patrocínio, cujo montante escusou-se a revelar, por questões contratuais, a Académica do Lobito não terá mais condições de arcar com os salários dos 33 jogadores do plantel e técnicos, incluindo os outros funcionários do sector administrativo.

Acrescentou, porém, que a formação tudo vai fazer para terminar a primeira volta do campeonato, aventando que, “se até ao arranque da segunda volta, nada mudar, desistimos, porque não teremos condições financeiras para continuar”.

Para si, é doloroso mas esse é o cenário mais provável, já que os cinco meses de salários atrasados dos jogadores e os dez meses em relação aos trabalhadores administrativos preocupam a direcção, numa altura em que não se vislumbra nenhuma solução à vista.

O director-geral da Académica do Lobito avançou que a situação se arrasta desde Fevereiro de 2018, altura em que a Académica do Lobito solicitou ao patrocinador a verba para a presente época, mas até ao momento não recebeu “nenhum vintém”.

O dirigente deu a conhecer que, devido a ordenados em atraso, os futebolistas já fizeram uma greve de quatro dias, o que fez com que a equipa perdesse, na secretaria, frente ao Recreativo do Libolo, por falta de comparência (na vila de Calulo, província do Cuanza-Sul, onde se realizaria o jogo da 13.ª jornada).

Apesar de os jogadores já terem voltado aos trabalhos e estarem disponíveis para jogar, sábado, em Benguela, diante do Petro de Luanda, Duarte Esquerdinho não duvida de que o clima de insatisfação é ainda notável, mas prefere destacar “o bom senso de todas as partes”.

Reconhece as dificuldades que os atletas estão a passar, por causa dos ordenados em atraso, mas avisa que é preciso cautela para não manchar o bom nome do clube com 49 anos de história no futebol nacional, a serem assinalados a 17 de Março próximo.

“Como vamos pagar os salários dos jogadores e técnicos ou custear as viagens aéreas e terrestres de e para Benguela?", questionou-se Duarte Esquerdinho, acreditando que o futuro da equipa de futebol no presente Girabola está dependente da Esso Angola, principal patrocinador.

O anúncio da possível desistência da Académica do Lobito não agradou em nada os adeptos, que desejam continuar a apoiar a equipa no campeonato. Enquanto isso, os atletas continuam com os treinos, tendo em vista a recepção ao Petro de Luanda, no dia 26 de Janeiro, no Estádio Nacional de Ombaka.