O treinador português Pedro Martins procura no sábado conquistar a ‘dobradinha’ ao leme do Olympiacos, encarando o rival AEK Atenas na final da Taça da Grécia de futebol, que encerrará a temporada 2019/20.
“Estamos quase a entrar no campeonato e precisamos de competição, mas a data desta final impediu-nos de fazer jogos amigáveis e atrasou um pouco a nossa evolução física. Perdemos jogadores nucleares, mas a base da equipa manteve-se e isso facilita o processo”, frisou à Lusa o técnico, de 50 anos, que se sagrou campeão grego em junho.
Ao início da defesa do título em 2020/21 sobrepôs-se o encontro decisivo da Taça 2019/20, marcado à porta fechada para 26 de julho e adiado duas vezes, desde logo por falta de garantias de segurança em redor do estádio Georgios Kamaras, em Atenas, após uma série de atos de violência de claques dos dois emblemas da capital helénica.
“Quem está no Olympiacos tem de se motivar diariamente para os grandes jogos que aí vêm, não só a nível nacional, mas também no plano internacional. Não falaria de trabalho motivacional, mas um troféu é sempre um troféu e uma final é algo importante para as nossas carreiras e para o histórico de grande riqueza do clube”, considerou.
Na véspera da final remarcada para 30 de agosto, o avançado argentino Maximiliano Lovera juntou-se ao defesa português Rúben Semedo no lote de atletas do Olympiacos infetados por covid-19 e forçou nova prorrogação por parte da federação local, que levou o duelo para o estádio Panthessaliko, em Volos, 320 quilómetros a norte de Atenas.
“O adversário não teve muitas trocas, mantém o treinador e apresenta a mesma filosofia. Cresceu muito em termos de organização, compromisso dos atletas e de jogo na época passada com a entrada do Massimo Carrera e esperamos um jogo complicado. Há aspetos que podemos explorar, mas preferia não dizer”, observou Pedro Martins.
O Olympiacos, dos lusos José Sá, Rúben Semedo, Cafú e Pêpê Rodrigues, e o AEK, dos compatriotas Hélder Lopes, Paulinho, André Simões e Nélson Oliveira, estão impedidos de usar os reforços adquiridos para 2020/21 e apenas podem competir com os jogadores inscritos numa temporada que só terminará com a final da Taça da Grécia.
“As perspetivas são sempre positivas, embora haja condicionalismos nesta final. Alguns jogadores já foram vendidos, outros acabaram contrato e temos o José Sá com uma fratura no braço. Isso retira-nos alguma força, mas a equipa está bem e preparada. Temos uma espinha dorsal muito competente e recheada de qualidade”, enquadrou.
As saídas dos titulares Konstantinos Tsimikas (Liverpool) e Omar Elabdellaoui (Galatasaray) foram compensadas pela “qualidade e experiência” de Rafinha (ex-Flamengo) e José Holebas (ex-Watford), enquanto o médio Pêpê Rodrigues saiu do Vitória de Guimarães para render o brasileiro Guilerme, recrutado pelo Al-Sadd.
“Andámos à procura de um jogador com o perfil do Guilherme e o Pêpê era quem mais se aproximava. É evidente que é mais jovem e precisa de tempo para se adaptar, mas, quando perceber o processo, vai ser uma peça muito importante na nossa manobra”, afiançou o ex-técnico dos minhotos, que também orientou Marítimo e Rio Ave na I Liga.
Pedro Martins aguarda por “mais dois jogadores” que fortaleçam os corredores laterais, tendo em vista uma época “comprimida e atípica, que dará tempo e espaço para muita gente jogar”, um pouco à imagem da reta final da conquista do 45.º campeonato, selado a seis jornadas do fim e com 91 pontos, 18 acima do PAOK, orientado por Abel Ferreira.
“Foi bom, mas não foi a mesma coisa, porque gostaríamos de ter festejado com o nosso estádio completamente cheio. Ainda assim, teve um sabor extraordinário num ano difícil. Podemos ter tudo definido e depois tiram-nos o tapete e concluímos que não controlamos absolutamente nada. Esta é a grande lição que aprendemos com a pandemia”, apontou.
Para trás ficou uma caminhada de 16 encontros além-fronteiras, pautada pelo terceiro lugar no Grupo B da Liga dos Campeões, atrás do vencedor Bayern Munique e do Tottenham, de José Mourinho, que antecedeu um triunfo sobre o Arsenal na Liga Europa e uma despedida “agridoce” aos pés da armada lusa do Wolves, de Nuno Espírito Santo.
“Sendo o maior clube grego, o Olympiacos tem necessidade de títulos internos. A nível internacional, pela visibilidade e pelo fator financeiro, é muito importante uma entrada na ‘Champions’. Neste momento temos vários atletas cobiçados e referenciados por grandes clubes porque acabaram de fazer uma campanha extraordinária nessa prova”, concluiu.
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