Os treinadores de futebol no Irão Miguel Teixeira e Rui Tavares sentem-se "aliviados" por regressarem a Portugal, numa viagem que começou na quinta-feira e durou dois dias, preferindo enfrentar a pandemia da COVID-19 próximos das famílias.
Em declarações à Lusa, o treinador adjunto e o treinador de guarda-redes, respetivamente, do Sepahan, atual segundo classificado na Liga iraniana de futebol, saíram da cidade de Isfahan na quinta-feira para o Qatar, de onde seguiram para Londres para voar até Lisboa e, finalmente, chegaram no sábado a Olhão, onde a autarquia lhes disponibilizou um apartamento para cumprirem 14 dias de isolamento.
“Estávamos em quarentena há 14 dias e não víamos o fim à vista. Eu e o Miguel trocámos umas ideias, não estávamos lá a fazer nada e via-se uma progressão dos casos. Além disso, começámos a ver que as ligações [aéreas] iam encerrar por completo, então optámos por sair”, começou por contar Rui Tavares.
A partir daí, entraram em contacto com a embaixada portuguesa e trataram do regresso, “de um dia para o outro”, juntamente com uma agência de viagens de Faro, através da qual conseguiram comprar os bilhetes para fazerem a longa travessia entre o Irão e a terra natal.
“Antes de tomarmos alguma decisão, falámos com o clube. O treinador disponibilizou-nos para virmos embora à vontade, porque não sabemos quando é que o campeonato reinicia e ficou combinado ficarmos cá até começarem os treinos. Quando isso acontecer, eles avisam-nos e analisamos se há condições para voltar. Em primeiro lugar está a nossa segurança”, relatou Miguel Teixeira.
O adjunto contou que havia “receio” em continuar em Isfahan, porque a situação estava a piorar todos os dias e a cidade ia ser isolada para impedir a propagação de casos do novo coronavírus, o que, aliado ao aumento de casos em Portugal, criou a necessidade de regressar ao país para apoiar a família.
“[No Irão] Há cada vez mais casos e mais mortes. Só agora estão a tomar precauções máximas, que já existem em Portugal, só que numa altura mais tarde. A nossa decisão partiu daí também, porque iam isolar a cidade em que estávamos esta semana. Isso levou-nos a tomar esta decisão de voltar se houvesse uma oportunidade. Não olhámos para trás e viemos logo”, continuou Miguel Teixeira.
Depois de cumprida a quarentena obrigatória, os dois treinadores vão “a correr para casa o mais rápido possível”, porque apesar de já terem visto a família a uma “distância tão curta”, continua a ser longe do toque, numa situação “difícil” além-fronteiras, mas cuja compreensão e respeito é obrigatória para que “todos ultrapassem este momento”.
“Estamos muito aliviados. É caloroso sentir o apoio dos nossos amigos e pessoas que nos querem bem. Os nossos amigos fizeram uma petição para chegar às entidades governamentais para que nos fossem buscar, sem que nós tivéssemos pedido nada. Sentimo-nos acarinhados por estas pessoas que sabem que chegámos bem a Portugal, as mensagens não têm parado com o calor humano destas pessoas”, concluiu Rui Tavares.
O Irão é um dos países mais afetados pela pandemia de COVID-19, com 3.452 óbitos, num total de 55.743 casos confirmados, de acordo com os mais recentes dados das autoridades locais.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de COVID-19, já infetou cerca de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 63 mil. Dos casos de infeção, cerca de 220 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
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