O Brasil defronta na madrugada de terça para quarta-feira o Paraguai, em jogo da 8.ª jornada do apuramento sul-americano para o Mundial2026. A seleção canarinha é apenas 4.ª colocada, com 10 pontos em sete jogos, já a 8 da líder Argentina, pelo que precisa de dar uma imagem diferente dos últimos jogos, vencer e aproximar-se dos da frente.
Os seis primeiros apuram-se para o Mundial de 2026, que será realizado nos EUA, México e Canadá. O sétimo colocado vai a um play-off.
Na antevisão da partida, Danilo, capitão do Brasil, não deixou nada por dizer sobre o estado atual do futebol brasileiro, explicando que o Escrete não está ao nível dos seus rivais na América do Sul. O antigo lateral direito do FC Porto, Real Madrid, Manchester City e que agora defende as cores da Juventus, criticou mesmo a própria Confederação Brasileira de Futebol.
Problemas da Seleção do Brasil: "Tenho uma posição bem clara em relação a isso. Separo em duas colunas: em primeiro a qualidade dos jogadores, em material humano, na qual continuamos a ser os melhores do mundo. Estou há 12 temporadas no futebol europeu e tenho a certeza do que estou a falar. A matéria prima é das melhores do mundo. Mas há uma coisa que evoluiu muito no mundo inteiro, que é a organização, o planeamento, observar o que está à frente, e nisso deixámos a desejar por algum tempo. Nos outros dois ciclos, mesmo tendo isso muito bem feito, não conseguimos vencer. Então, pensamos: 'Se fazendo isso tudo muito bem pensado, não conseguimos vencer...'".
Comparação com rivais: "Tivemos muita instabilidade, nomes, treinadores, estratégia, planos, jogadores, ... pensou-se num caminho de renovação e não, perdeu-se tempo em relação a isso e isso faz com que estejamos certamente um passo atrás das principais potências. Tudo isso porque o nosso conjunto não está bem feito. Digo em matéria prima, organização e planeamento. Agora sim, com o Dorival [Júnior, selecionador] desde março, as coisas entraram por um caminho que tem um planeamento bem feito. Mas está claro que depois do Mundial perdemos tempo e isso faz com que estejamos um passo atrás."
Relação entre jogadores e adeptos num futebol-negócio: "A minha opinião em relação a isso vai muito além da seleção. Claro que quando era miúdo, gostava de ver o Brasil ganhar por goleada, se fosse só 2-0 eu não ficava satisfeito. Mas o negócio futebol é incompatível com o que é o futebol na sua essência: a paixão, o amor à camisola, o drible, uma coisa mais irresponsável... Por isso, essa distância entre os que são os profissionais do futebol atual com os adeptos, com os leigos que veem à distância... Uma coisa triste é pensar que isso só vai aumentar. Quanto mais tratam o futebol assim, em números, matemática, seriedade, profissionalismo, é entender tudo isto de uma maneira muito industrial. Essa distância [entre adeptos e jogadores] tende sempre a aumentar."
Solução: "Qual a nossa maneira de diminuir isso? Entrando em contacto com adeptos, com pessoas que não têm acesso a tudo isto, seja na seleção ou nos clubes. O negócio-futebol tornou-se incompatível com o que é a paixão, a essência do futebol, e vai ser difícil aproximar-se como já foi um dia."
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