O presidente da Federação Camaronesa de Futebol (Fecafoot), Samuel Eto'o, discutiu com o técnico da seleção nacional, Marc Brys, que assumiu o cargo por ordens do chefe de Estado do país africano contra a vontade do ex-atacante do Barcelona.

O treinador belga foi nomeado no dia 2 de abril pelo ministro dos Desportos, sob as "altíssimas diretrizes do Presidente da República", Paul Biya.

A sua designação foi vista como "ilegal" pela Fecafoot, único órgão autorizado, segundo ela própria, a nomear o selecionador dos Camarões.

Num vídeo gravado esta terça-feira, cuja autenticidade foi confirmada à AFP por um diretor da Fecafoot, Eto'o dirige-se de forma irritada a Brys.

O ex-jogador de Barcelona, Inter de Milão e Chelsea expulsou da sala um representante do Ministério dos Desportos e recebeu Brys com um "Bem-vindo à sua casa!".

Mas o treinador, sob ordem do representante do Ministério, deixou a reunião, antes de ficar cara a cara com Eto'o, que disse visivelmente irritado: "Ou fica, ou vai embora!".

Brys colocou a mão sobre o braço de Eto'o e o tom da discussão aumentou.

"Não me toque!", disse o ex-atacante. "Eu sou o presidente!".

- "Eu sou o treinador", respondeu Brys.

- "Não! Tu é o treinador porque outro te nomeou", respondeu Eto'o. "Não cumpriste muita coisa!".

A dada altura, Eto'o gritou: "Não fales assim comigo, tu vais sentar e vamos trabalhar, que desastre é este?"

Brys finalmente deixou a sala. "Se passares pela porta, não voltes mais", disse Eto'o.

Em comunicado, a Fecafoot afirma que Brys, "antes de deixar a sala, lançou insultos e ofensas a Eto'o", o que não ficou registado no vídeo.

A Federação anunciou uma reunião o mais breve possível do seu comité de emergência para "tomar as decisões necessárias" e enumerou uma série de incumprimentos de que o treinador belga é acusado.

A seleção de Camarões prepara-se para enfrentar Cabo Verde (8 de junho) e Angola (11 de junho) pelo apuramento africano ao Mundial de 2026.

A intromissão governamental na seleção dos Camarões poderá levar a FIFA a aplicar sanções contra os clubes locais, assim como a própria federação camaronesa que até pode ser excluída de provas do órgão que rege o futebol mundial.