Gianni Infantino defende que não fez nada de ilegal, quando era o 'braço direito' de Michel Platini na UEFA. O atual presidente da FIFA é acusado de ter ajudado, juntamente com Platini, o Paris Saint-Germain e o Manchester City a contornarem as regras do fair-play financeiro do organismo que rege o futebol Mundial. Os documentos sobre o seu alegado envolvimento foram publicados esta semana pelo site 'Football Leaks'.
Para o atual presidente da FIFA, as acusações não passam de um conspiração da imprensa que não aceita ver um italiano na presidência do organismo máximo do futebol mundial. Em declarações aos jornalistas na seda da FIFA em Zurique, o sucessor de Sepp Blatter na presidência da FIFA explicou "que não teria facilidades para mudar as coisas, num ambiente viciado por algumas práticas".
"É por isso que compreendemos que possa haver reações contrárias. O fato de se ter um filho de imigrantes italianos na presidência da FIFA parece não agradar a toda a gente", atirou Infantino, explicando que os documentos publicados pelo 'Football Leaks' estão incompletos.
"O regulamento do fair-play financeiro prevê a possibilidade de negociações e de acordos com os clubes. E quem está encarregado de negociar e conversar? A administração", respondeu.
O fair-play financeiro da UEFA não permite que um clube que disputa uma competição europeia gaste mais do que ganha. As punições podem ir de uma simples advertência à exclusão da competição.
Segundo o 'Football Leaks', alguns clubes, como o Manchester City e o PSG, viram suas sanções reduzidas após negociarem com a UEFA.
Infantino, na época vice-presidente da UEFA, teria "negociado diretamente um acordo com o Manchester City, passando por cima do órgão interno de investigação teoricamente independente". Infantino também teria enviado uma mensagem aos dirigentes do City com "um belo presente": "20 milhões de euros de multa em vez de 60. Os outros 40 milhões só seriam pagos se o clube inglês não conseguisse equilibrar as suas finanças".
O PSG teve "o mesmo tratamento, muito amável", revelou a francesa 'Mediapart'.
Questionado se o tratamento dado aos dois clubes não seria, no mínimo, uma violação às regras éticas, Infantino respondeu: "Não só não tem nada de ilegal como não há nada que viole às regras éticas".
Disputa pela reeleição
Essas revelações aparecem numa altura em que estamos a oito meses do congresso da FIFA, onde Infantino irá tentar ser eleito para um segundo mandato.
Em plena campanha, Infantino vem multiplicando os contactos com as 211 federações convocadas a votar, prometendo uma maior ajuda financeira caso seja eleito. Para concretizar a promessa, o presidente da FIFA pretende aumentar o número de participantes no Mundial de Clubes para 24 equipas, com 12 europeias, e criar uma Liga Mundial das Nações, competições que já contariam com a promessa de investimento de 25 mil milhões de dólares de investidores.
O plano do novo Campeonato do Mundo de clubes seria não só lucrativo para os clubes participantes, como a FIFA também disporia de 25% da receita para partilhar globalmente com federações como o Haiti, "que não tem nada", ou a Mongólia, "que tem três fusos horários e apenas dois estádios”, analisou Infantino.
Um grupo de trabalho da FIFA irá avaliar uma renovação de competições, incluindo um novo evento para todas as seleções disputarem a cada dois anos, com Infantino à espera de uma decisão sobre o assunto no Conselho da FIFA em Miami, a realizar em Março de 2019.
Em relação à reeleição, Infantino diz-se "confiante", mas sem estar "obcecado".
"Estou muito satisfeito com o que conseguimos fazer. Quero ser reeleito se as pessoas acharem que fiz um bom trabalho, não porque eu fechei acordos com este ou com aquele", concluiu.
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