Mais de uma centena de futebolistas profissionais, de 24 países, apelaram à FIFA para que renuncie ao contrato de patrocínio que tem com a petrolífera Aramco, da Arábia Saudita, denunciando as violações dos direitos humanos no país.

"O patrocínio da Aramco é como um dedo do meio para o futebol feminino", consideraram as signatárias de uma carta aberta enviada ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, que foi hoje divulgada.

A FIFA assinou este ano um acordo com a Aramco que torna esta empresa detida em 98,5% pelo Estado saudita num importante parceiro financeiro até ao final de 2027, período que abrange dois Campeonatos do Mundo de Futebol (em 2026 para os homens e em 2027 para as mulheres).

"A FIFA poderia muito bem molhar o campo com óleo e atear fogo", acusaram, acrescentando que "as autoridades sauditas estão a gastar milhares de milhões em patrocínios desportivos para tentar desviar a atenção da reputação brutal do regime em matéria de direitos humanos, mas a forma como trata as mulheres fala por si".

Nos últimos anos, a Arábia Saudita tem investido muito dinheiro no desporto, contando em particular com o seu fundo soberano para promover desportos como o futebol - de que é exemplo o internacional português Cristiano Ronaldo, que joga no Al Nassr -, ténis, Fórmula 1 e golfe, mas o reino tem sido acusado internacionalmente por diversos setores de 'lavar' o seu historial de direitos humanos através do desporto.

"O nosso trabalho como jogadoras profissionais é um sonho tornado realidade para nós e ainda faz com que as meninas que serão as jogadoras do futuro sonhem. Merecemos muito mais, do nosso corpo diretivo, do que esta aliança com este parceiro de pesadelo", realçaram as signatárias.

Além disso, é proposta à FIFA a criação de uma "comissão de avaliação", na qual as jogadoras estariam representadas e que "examinaria as implicações éticas dos futuros contratos de patrocínio".

Por fim, as signatárias pedem à FIFA que "reconsidere esta parceria e substitua a empresa saudita Aramco por outro patrocinador cujos valores respeitem a igualdade de género e os direitos humanos, e contribuam para um futuro sustentável do planeta".