O internacional brasileiro Oscar foi um dos expoentes máximos do boom vivido pelo futebol chinês a meio da década de 2010. O antigo jogador do Chelsea transferiu-se para o Shanghai SIPG a troco de 60 milhões de euros em 2017, naquela que foi a transferência mais cara de sempre da Superliga chinesa quando tinha apenas 26 anos.

"É uma questão de salário, nada mais. Os jogadores costumavam procurar um contrato interessante aos trinta e poucos anos. É vergonhoso para um jogador desistir da sua carreira e da oportunidade de competir apenas por dinheiro", apontou na altura Jamie Carragher. "A paixão deve estar acima do dinheiro", acrescentou Antonio Conte.

"A China tem um poder financeiro incrível e, por vezes, surgem ofertas que nós, jogadores, não podemos recusar. Venho de um meio social muito pobre no Brasil. Não tínhamos nada. Isso é fruto do meu trabalho", defendeu-se na altura o jogador formado no São Paulo.

Quanto aterrou em Shanghai, Oscar era o segundo jogador mais bem pago do mundo: ganhava 24 milhões de euros anuais. Pela mesma altura a Liga chinesa viu chegarem também outras estrelas, como Paulinho, Carrasco, Arnautovic, Hulk, Hamsik, El Shaarawy, Bakambu, Ramires, Fellaini, Talisca, Witsel, Gervinho, Rondón. Chegaram, mas todos eles partiram, com o principal campeonato chinês a entrar numa espécie de colapso financeiro.

Oscar acabou por ficar, ao todo, sete anos por tereras chinesas. Regressa agora, com os bolsos bem cheios. Em 2019, pouco antes de a Superliga Chinesa, face aos referidos problemas financeiros que começou a atravessar, introduzir um teto salarial, Oscar renovou o seu contrato, melhorando o seu salário. Estima-se que, no total, tenha recebido qualquer coisa como 175 milhões milhões de euros só em salário.

Ao longo do percurso, conquistou por três vezes a Liga chinesa (2018, 2023 e 2024), uma Taça da Chinha (2020) e uma Supertaça (2019). Despede-se como o jogador com mais asssistências na história da prova (113) e com 77 golos marcados em 248 jogos no conjunto de todas as competições.

Resistiu a escândalos de corrupção, ao impacto da pandemia – 30 clubes profissionais de futebol da China desapareceram desde 2020 – e à desaceleração económica. Assistiu à descida do todo-poderoso Guangzhou Evergrande (hoje Guangzhou FC), campeão por chinês vezes por oito vezes e vencedor de duas Ligas dos Campeões Asiáticas, cair para a Segunda Divisão.

Agora, aos 33 anos, prepara-se para se despedir. "Não vi em mais lado nenhum a qualidade de vida que existe aqui. É algo de outro mundo. Só quem vive aqui sabe a que me refiro", disse na despedida.

O regresso à Europa chegou ser uma possibilidade em cima da mesa, mas ao que tudo indica regressará mesmo ao Brasil, ou então seguirá para a MLS. "A minha mãe está a envelhecer e as minhas irmãs têm filhos. Uma coisa é certa", avançou. Seja onde for que Oscar continua a carreira, uma coisa é certa: com o seu adeus ao Shanghai SIPG termina a 'Idade de Ouro' do futebol