O presidente da Associação Chinesa de Futebol (CFA) está a ser investigado por suspeitas de “graves violações da lei”, anunciaram hoje as autoridades chinesas, numa altura em que tentam eliminar as fraudes que atormentam a modalidade no país.

Em comunicado, a Comissão de Inspeção e Supervisão da Disciplina, órgão máximo anticorrupção do Partido Comunista Chinês, indicou que Chen Xuyuan está sob investigação.

O órgão anticorrupção não detalhou a natureza das alegadas violações cometidas por Chen, que foi eleito presidente da CFA em agosto de 2019.

A abertura da investigação contra Chen ocorre apenas quatro meses depois de o ex-técnico da seleção masculina de futebol da China Li Tie, uma das maiores lendas da modalidade no país, devido ao seu sucesso como jogador, ter sido detido.

Li Tie, antigo jogador do clube inglês Everton, foi detido em novembro passado. No mês seguinte, Zhang Lu, guarda-redes do clube Shenzhen, que disputa a Superliga Chinesa, e antigo colega de equipa de Li no clube chinês Liaoning, foi também detido.

Chen Yongliang e Liu Yi, o vice-secretário-geral executivo e o ex-secretário-geral da CFA, respetivamente, estão também sob investigação por suspeitas de violação da lei, anunciaram as autoridades, no mês passado.

A CFA é o órgão dirigente do futebol na China que organiza a seleção chinesa de futebol e as competições domésticas.

Nos últimos meses, a CFA prometeu firmeza contra a manipulação de resultados, a fraude e o uso de doping, descritos pelo vice-diretor da Administração do Desporto na China, Du Zhaocai, como os “três cancros” que colocam em risco o desenvolvimento do futebol no país asiático.

“Ainda há um longo caminho a percorrer na erradicação de práticas pouco saudáveis no mundo do futebol”, alertou recentemente a Comissão de Inspeção e Supervisão da Disciplina.

O “declínio do futebol na China" mostra que "simplesmente monitorar a opinião pública não chega”, escreveu o conhecido comentador chinês Hu Xijin na rede social Weibo, questionando se “o futebol na China está podre até à medula”.

A seleção masculina de futebol da China é há muito criticada pelos adeptos pelos maus resultados, altos salários dos jogadores e sucessivos escândalos.

Nos últimos anos, Pequim assumiu o desejo de converter o país numa potência futebolística, à altura do seu poder económico e militar. O líder chinês, Xi Jinping, assumiu que quer ver a China qualificar-se para a fase final de um Mundial, organizar um Mundial e um dia vencê-lo.

Em 2016, as 16 equipas que disputam a Superliga chinesa investiram cerca de 460 milhões de euros na contratação de jogadores estrangeiros, abalando o mercado de transferências. Vários clubes da primeira divisão chinesa estão agora falidos e com pagamentos em atraso.

A China figura em 80.º no ranking da FIFA e a única vez que participou na fase final de um Mundial, em 2002, perdeu os três jogos que disputou e não marcou um único golo.

A CFA impôs recentemente punições severas, incluindo banir altos funcionários da maior academia de futebol do país, depois de detetar irregularidades durante um jogo controverso.