O presidente da Federação Peruana de Futebol (FPF), Agustín Lozano, foi preso na quinta-feira (7) por suspeita de corrupção, após uma investigação sobre lavagem de dinheiro, informou a polícia.
"Procedemos à prisão de acordo com a ordem judicial do presidente da Federação Peruana de Futebol, Agustín Lozano", disse o chefe da polícia fiscal, Milton Santos, à rádio RPP.
A polícia também foi à sede da FPF em Lima com procuradores, de onde apreendeu documentos, segundo imagens divulgadas pelas televisões locais.
Lozano, de 53 anos, permanecerá 15 dias sob custódia de acordo com o mandado judicial que prevê uma prisão preventiva enquanto evolui a investigação sobre possíveis crimes de fraude, corrupção e lavagem de dinheiro pelo uso indevido de fundos da FPF.
A ordem de prisão foi ditada "face ao possível perigo de obstrução de justiça e risco de fuga nos próximos dias", segundo o documento judicial.
- "Instabilidade" na seleção -
O assessor jurídico da Associação de Jogadores Profissionais de Futebol do Peru, Jhonny Baldovino, disse que a detenção de Lozano criará instabilidade na seleção peruana, que vai enfrentar o Chile no dia 15 de novembro, em Lima, pela 10.ª jornada do apurmanto sul-americano para o Campeonato do Mundo de 2026.
"Essa instabilidade com certeza vai prejudicar a equipa técnica e preocupar os jogadores oito dias antes de um jogo muito importante para a seleção rumo ao próximo Mundial", disse Baldovino.
O diretor de futebol da FPF, Juan Carlos Oblitas, descreveu a situação como "extremamente complicada".
O técnico da seleção peruana, o uruguaio Jorge Fossati, "está preocupado e mortificado. Estamos interessados no grupo, daqui a uma semana jogaremos com o Chile e alguns dias depois com a Argentina. A instituição vai ficar prejudicada", declarou Oblitas em conferência de imprensa.
O Ministério Público também acusa Lozano e funcionários da FPF de revender bilhetes do jogo de repescagem que a seleção peruana disputou com a Austrália por uma vaga no Mundial de 2022, no Qatar.
Segundo a acusação, Lozano teria liderado uma "suposta organização criminosa" na FPF para garantir o controle da instituição através de pagamentos mensais em troca de votos para os dirigentes dos clubes locais.
O dirigente afirmou ser inocente de todas as acusações.
"Espero que tudo se esclareça e a justiça seja feita", disse Lozano à imprensa ao sair da sua casa algemado pela polícia.
A sua advogada, Giulliana Loza, afirmou que a ordem de prisão é "totalmente desproporcional e injusta".
Outras sete pessoas foram detidas, entre as quais o estão presidente do Sporting Cristal, clube apurado para a Taça Libertadores de 2025, e o presidente do Atlético Grau, que vai participar da Taça Sul-Americana do próximo ano.
- Terceiro presidente da FPF preso -
Lozano não é o único presidente da FPF envolvido em escândalos. Também caíram os seus antecessores Edwin Oviedo (2015-2018) e Manuel Burga (2002-2015).
Oviedo renunciou ao cargo em 2018, quando foi detido num caso de homicídio no qual esteve preso por quase quatro anos, até ser absolvido pela justiça.
Quanto a Burga, foi envolvido no escândalo do FIFAgate (2015), sendo proibido para sempre de exercer qualquer cargo de liderança no futebol. Foi o único dirigente absolvido após ser julgado nos Estados Unidos.
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