A eventual criação da Superliga Europeia de futebol teria um impacto devastador nas finanças dos clubes, por seu efeito sobre os contratos de direitos audiovisuais, advertiu na terça-feira o presidente da LaLiga espanhola, Javier Tebas.

"Nós avaliamos que as ligas nacionais perderiam 50% dos direitos audiovisuais", disse Tebas durante a visita a Bruxelas.

Lançada em 2021, a ideia de uma Superliga formada pelos principais clubes do futebol europeu provocou um terramoto nas ligas nacionais, e o caso está agora nas mãos de um tribunal comercial de Espanha.

As ligas nacionais têm uma série de contratos audiovisuais em vigor, em particular os de direitos de transmissão dos jogos, e esses acordos seriam afetados pela eventual criação da Superliga.

Em tal cenário, "não é necessário ser um estudioso em economia para saber o que pode acontecer", afirmou Tebas, que alegou que as receitas das ligas "ruiriam".

A LaLiga espanhola, acrescentou o dirigente, manteve em vigor a nível internacional "mais de 100 contratos", com o mesmo número de operadores, e reorganizar esses compromissos com a Superliga sendo uma realidade seria "impossível".

O anúncio da Superliga, em 2021, abalou os alicerces do futebol europeu, até que a FIFA e a UEFA ameaçaram eliminar das suas competições oficiais os clubes que participassem dessa iniciativa.

A Superliga, então, considerou que a ameaça era ilegal e abriu um processo num tribunal comercial de Madrid, que solicitou uma opinião ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE). Em dezembro, o TJUE considerou que as regras do bloco para autorizar outros torneios eram contrárias ao direito à concorrência e, portanto, "ilegais".

O tribunal, no entanto, advertiu que estava a pronunciar-se de uma maneira geral sobre as regras da FIFA e da União Europeia, e não apenas sobre o "projeto específico" da Superliga. Logo, explicou que isso não significaria que a nova competição "deva ser necessariamente autorizada".

Em meio à enorme polémica, vários dos clubes do projeto original já desistiram do plano, embora o Real Madrid e o Barcelona ainda não tenham abandonado oficialmente a ideia.

Na Bélgica, Tebas terá reuniões para abordar medidas contra a pirataria nas transmissões de jogos de futebol pela internet.